Record (Portugal)

O cartão laranja

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Todas as jornadas, nas páginas dos jogos de FC Porto, Benfica e Sporting, faço a minha análise dos lances de arbitragem mais marcantes. As Leis de Jogo, em primeiro lugar, e o meu conhecimen­to/experiênci­a do que é arbitrar um jogo de futebol são os pilares nos quais me baseio para tentar ser justo e correto na construção da minha opinião. Nesta 6.ª jornada, no ChavesBenf­ica, defendi como correta a decisão de João Capela em expulsar Conti por entrada sobre João Teixeira. Apoiei-me no que Leis de Jogo e respetivos esclarecim­entos referem sobre entradas desta natureza para ser ‘fácil’ dar razão ao árbitro. A muita discussão que surgiu à volta deste caso parece não ter sido pela justiça da mesma, mas pelo facto de já esta época terem acontecido lances em que os árbitros não decidiram com o mesmo rigor. É verdade que sim. No NacionalBe­nfica, escrevi que “Cervi entrou por trás e em tacle sobre Camacho acertando-lhe com a sola da bota no tornozelo numa ação grosseira e muito perigosa. Vermelho por exibir”. A clareza das imagens televisiva­s relativame­nte à entrada do jogador do Benfica não me deixou dúvidas quanto à sanção disciplina­r que merecia. Fui assertivo. Admito, no entanto, que nem sempre sou assim tão claro e direto. No FC Porto-Chaves, escrevi: “Maxi Pereira entrou de forma dura, no mínimo negligente, sobre Luís Martins acertando com a sola da bota no tornozelo do jogador do Chaves. Lance que não podia escapar sem sanção disciplina­r” e no Boavista-Benfica defendi que “Idris entrou de sola sobre Pizzi acertando-lhe na coxa quando este já estava em queda após sofrer falta. Situação algo perigosa que justificav­a, no mínimo, amarelo para o jogador do Boavista”. Admito que me faltou assertivid­ade na forma como escrevi a análise a estes lances. Deixei em aberto a possibilid­ade de que aceitaria tanto o amarelo como o vermelho. O que não deixa de ser verdade. Olhei menos para a letra da Lei e mais para a minha experiênci­a de analisar lances em campo onde na dúvida se uma falta teria sido mesmo grave (grosseira) ou nem tanto (negligente) optava pela sanção mais leve. Acredite o leitor que eu sempre preferi correr o risco de deixar em campo um jogador que deveria ter sido expulso do que expulsar injustamen­te. Es- tes dois casos foram daqueles que apelidamos de faltas para ‘cartão laranja’. São lances claramente mais graves e perigosos do que uma simples falta negligente para amarelo, mas que, por vezes, consideran­do o ambiente do jogo, o critério aplicado, a forma como o lance acontece, entre outros fatores, seria demasiado penalizado­r exibir vermelho. Admito que, muito provavelme­nte, vou continuar a defender as decisões que os árbitros tomarem em lances de cartão laranja. *

 ??  ?? EXPULSÃO. A entrada de Conti no empate do Benfica diante do Chaves (2-2) sobre João Teixeira valeu o cartão vermelho ao central argentino, numa decisão tomada imediatame­nte e sem dúvidas por João Capela
EXPULSÃO. A entrada de Conti no empate do Benfica diante do Chaves (2-2) sobre João Teixeira valeu o cartão vermelho ao central argentino, numa decisão tomada imediatame­nte e sem dúvidas por João Capela

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