Record (Portugal)

REVOLUÇÃO COM PAIXÃO E SEM QUEIJO

Ricardo Chéu aceitou o desafio de rumar ao 3.º escalão de Itália e tem o ‘Mini Monaco’ em mãos

- HUGO NEVES

Aos 37 anos, Ricardo Chéu ainda estava algo reticente em experiment­ar treinar fora de portas, mas o convite do FC Rieti, do Grupo C do 3º escalão do futebol italiano, aliado a um projeto revolucion­ário no futebol, mudou-lhe as ideias. “Já tinha ponderado há cerca de meio ano a minha não continuida­de no mercado português por a maioria dos clubes se pautar por muitas dificuldad­es financeira­s. Cheguei a ter algumas abordagens [para sair], mas nunca tinha pensado nisso. Mas quando recebi a proposta do Rieti, sabendo que Manthos Poulinakis já tinha a boa experiênci­a com Sá Pinto no OFI Creta, pensei que treinar em Itália, um país onde o treinador é valorizado, era uma boa ideia. Este é um projeto de formação, de formar para vender e não é por acaso que a média de idades do plantel é de 21 anos”, conta o jovem treinador a Record. A adaptação a Itália está feita, mesmo tendo havido um ‘problema’ de... culinária! “Estamos na 3ª divisão mas os orçamentos mais baixos, o nosso e o do Cavese, batem os da 2ª Liga em Portugal. Em todos os jogos há 30/40 mil adeptos a puxar por nós! Se a língua é difícil? O pior é mesmo o queijo [risos]... Eu não gosto e a alimentaçã­o italiana, como sabemos, é à base de queijo. Seja em pizzas ou massas, aviso sempre para não meterem queijo, o que os leva à loucura... Mas sinto-me em casa”, frisa o ex-técnico do U. Madeira. O Rieti fez alguns jogos à porta fechada, mas isso não intimidou a equipa. “O estádio tem todas as condições mas aqui os clubes têm de construir uma barreira suple- mentar fora do recinto para os fãs adversário­s e enquanto não foi feita, a polícia não homologava os jogos. Aqui há muito fanatismo, mais do que na Serie A e B, pois há históricos como Catania e Reggina na nossa divisão”, lembra Chéu, admitindo ter... um ‘Mini Monaco’ em mãos: “O projeto é idêntico à sua escala. Aqui só o Cericola transitou de 2017/18 e há muitos miúdos talentosos para crescer, como Maistro, apontado há uns anos como futuro capitão da Fiorentina. O grupo é equilibrad­o.”

“HÁ MAIS FANATISMO DO QUE NA SERIE A E B. HISTÓRICOS COMO O CATANIA E A REGGINA ESTÃO NA NOSSA DIVISÃO”, DIZ

Muitas noites no autocarro

Até ver, só um lamento. Xavier Venâncio, avançado de 19 anos que recusou o Belenenses para rumar a Itália, lembra as longas horas que o plantel passa no autocarro. “São 8 a 10 horas em cada deslocação. É muita noite perdida mas quem corre por gosto não cansa”, diz. E Chéu conclui: “Vamos fazer mais de 22 mil km de autocarro esta época.” Se o destino final for a permanênci­a, não há problema. *

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