Record (Portugal)

As vantagens do 4x3x3

-

No 4x3x3 de Fernando Santos, Rúben Neves foi o pivô do triângulo do meio-campo da Seleção Nacional. Com a opção de adiantar William Carvalho, o selecionad­or abdicou de algumas das melhores armas do jogador do Wolverhamp­ton, desde logo o tiro fantástico de meia distância, para ganhar poder físico e, assim, garantir presença no processo de atrasar o máximo possível a primeira fase de construção dos polacos. Rúben Neves passou mesmo algum tempo a

QUANDO ANDRÉ SILVA PASSOU A TER COMPANHIA, PORTUGAL MUDOU O JOGO (PRIMEIRO) E O RESULTADO (DEPOIS)

jogar entre os centrais Pepe e Rúben Dias [ 1], movimento que permitiu libertar os laterais para ações ofensivas – nesse contexto, João Cancelo foi mais importante e deu mais profundida­de pela direita do que propriamen­te Mário Rui pela esquerda. De qualquer modo, o posicionam­ento de Rúben Neves permitiu-lhe o sensaciona­l passe que deu o segundo golo de Portugal. Até ao momento em que virou o jogo (primeiro) e o marcador (depois), Portugal deixou André Silva muito distante da equipa [2]. Os quatro elementos nas suas costas (sinal inequívoco de que o 4x3x3 de base derivou muitas vezes para um 4x1x4x1), jogaram quase sempre longe do ponta-de-lança, mais empenhados em travar as investidas polacas do que em ter a bola e construir lances que levassem o jogo para junto da grande área contrária. O segredo foi ter a bola, reclamar a sua posse e ir, aos poucos, empurrando a Polónia. Para isso em muito contribuír­am as subidas dos dois alas, Bernardo Silva pela direita e Rafa pela esquerda. No caso de Bernardo, foi relevante o apoio de Cancelo e também de Pizzi: foi impression­ante a eficácia do trio que os polacos não conseguira­m travar. Nessa altura, quando os extremos se adiantaram para a mesma linha do ponta-de-lança, Portugal subiu no terreno, princi- palmente Pizzi e William Carvalho, pressionan­do coletivame­nte o antagonist­a [ 3]. Com essa atitude, a Seleção fez o 2-1 e o 3-1, numa jogada excecional culminada com tiro certeiro de Bernardo Silva. No fim, com o conforto da vantagem, a equipa nacional perdeu um pouco o controlo. Até final sofreu o segundo golo mas, em boa verdade, desperdiço­u o 4-2 por duas vezes (Renato Sanches isolado e Bruno Fernandes por cima, sem guarda-redes na baliza).

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal