Record (Portugal)

UMA QUESTÃO DE JEITO

Seleção fez emergir o talento dos jogadores, praticou umfutebol de luxo, assente no coletivo, durante meiahora, e não mereciaavi­tória tangencial

- CRÓNICA DE LUÍS PEDRO SOUSA

Com meia hora de luxo e dando uma autêntica lição de princípios básicos de futebol (passe, desmarcaçã­o e remate), Portugal construiu uma vitória inequívoca na Polónia. Somando agora dois triunfos em dois jogos, a Seleção Nacional garantiu (logo ao segundo encontro!) a permanênci­a na Liga A da Liga das Nações e até pode consumar já no domingo, se Polónia e Itália empatarem, a passagem à final four da competição.

O maior talento dos comandados de Fernando Santos demorou a emergir mas chegou a tempo para provar a inegável diferença de valor entre Portugal, mesmo sem Cristiano Ronaldo, e a formação polaca. De início, a turma das quinas sentiu algumas dificuldad­es para contrariar a pressão exercida pelo adversário no meio-campo. O 4x3x1x2 de Brzeczek garantia à Polónia superiorid­ade no meiocampo, pois Zielinski funcionava como quarto médio, ao mesmo tempo que apoiava a dupla de ataque Piatek-Lewandowsk­i, mas não emprestava à equipa a largura necessária para suster a inspiração de Cancelo, Pizzi e Bernardo Silva. E foi precisamen­te por aí que Portugal começou a construir a reviravolt­a.

Em desvantage­m no marcador (Piatek, 18’), fruto de um erro defensivo – que começou em Patrício e acabou em Cancelo –, na sequên- cia de um pontapé de canto, a formação lusa não demorou muito a reagir e a soltar todo o seu talento. No último quarto de hora da primeira parte e no primeiro da segunda, o trio supracitad­o, mais Rúben Neves, Rafa e André Silva abriram o livro, criaram jogadas vistosas, levaram o pânico à defesa polaca e, mais importante do que tudo isso, fizeram golos. O primeiro nasceu de uma combinação perfeita entre Bernardo Silva, Cancelo e Pizzi, em que o médio serviu de bandeja André Silva para o empate (31’). O segundo num passe de rutura de Rúben Neves, que desmarcou Rafa Silva. O extremo fez uma receção perfeita, ultrapasso­u o guarda-redes, mas o lance acabou em autogolo, já que Glik, ao tentar o corte, colocou a bola no fundo das redes (42’)... evitando assim que os três golos de Portugal tivessem o apelido Silva no nome dos seus autores. A tónica manteve-se no início do segundo tempo, embora o terceiro golo já não tenha nascido do envolvimen­to coletivo, uma exceção no futebol produzido pela turma de Fernando Santos. Bernardo, o outro Silva do trio atacante, derivou da direita para o centro, arrancando um remate que Fabianski não susteve (52’).

Resposta e contrarres­posta

A Polónia estava moribunda mas não se rendeu. Aos 64’, já tinha esgotado as substituiç­ões, passando a atuar em 4x4x2. Estava menos pressionan­te no meio-campo, mas mais periogosa pelas alas. Após uma ou outra ameça, os polacos reduziram mesmo a diferença, fruto de mais um erro da defesa portuguesa. Mário Rui permitiu o centro, Pepe cortou a bola de forma defeituosa e Cancelo (permissivo a defender, mas portentoso a atacar) negligenci­ou a vigilância Blasczykow­sky, autor do remate certeiro da meia esquerda.

Era lícito pensar-se, nesta conjuntura, que a Seleção Nacional teria de sofrer até final, fruto de um hipotético último assalto à baliza de Rui Patrício por parte do opositor. Nada disso!

Portugal esteve muito mais perto do 4-2, que traduziria fielmente o que se passou no encontro, do que de consentir o empate. A equipa nacional subiu os blocos, levou o jogo para o meio-campo adversário e dispôs, até final, de três oportunida­des soberanas para não sair de Chorzow com uma vitória tangencial. Renato Sanches, por duas vezes, e Bruno Fernandes, já ao cair do pano, não conseguira­m desfeitear Fabianski. *

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