Não é para todos
Portugal deverá receber a final four da Liga das Nações no próximo verão. A candidatura foi feita no arranque da competição e faz todo o sentido. Temos estádios para a disputa de quatro jogos e condições para acolher os adeptos num clima de festa e segurança. Acresce que a origem da prova teve mão portuguesa - foi Tiago Craveiro, atual diretor-geral da FPF, quem desenhou o torneio – pelo que é justo que a UEFA junte ao reconhecimento do mérito da ideia o da capacidade para receber bem e organizar a festa final.
Lembro-medoqueCarlosQueirozdizia aos sub- 20 que viriam a sagrar-se campeões do Mundo em Riade e em Lisboa, momentos antes de entrarem em campo: “Joguem e divirtam-se.” Eles divertiam-se e ganhavam. Li as declarações de João Cancelo no final do Polónia-Portugal e não posso deixar de relacionar as coisas. “Divertimonos a jogar”, disse o lateral, e esse será um dos segredos desta equipa de Fernando Santos que –mesmo sem Ronaldo –ganha. Este desfrutar também nos preenche como adeptos do futebol. Um jogo –como aconteceu com a Itália –poderia até ser um caso fortuito. Dois jogos –após a vitória na Polónia –mostram que não acontece por acaso. É também a prova de que o futebol não tem de estar sempre amarrado a bloqueios taticistas que reprimem o improviso e a criatividade. Mas, claro, não é para todos.