Record (Portugal)

“NÃO COMEMOS CARNE DE CÃO NA CHINA”

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Em janeiro de 2015 decidiu prosseguir a carreira na China. Como foi a adaptação?

M – Foi uma transição difícil. Foi uma decisão em que, obviamente, a minha família me apoiou. Mas tinha de tomar uma opção nesse mesmo dia. Graças a Deus, tudo correu pelo melhor, não me posso queixar. Desfrutei de jogar na liga chinesa enquanto lá estive – e da comida também! Juntamente com a minha família, passámos um bom ano lá. Era praticamen­te tudo novo para nós...

Culturalme­nte, foi um choque para si depois de ter jogado na Europa e Estados Unidos?

M – A América é organizada, se os jogos estão agendados para começar a uma determinad­a hora, é a essa hora que começam. Na China, na experiênci­a que tive, no dia anterior nem sabíamos em que campo íamos treinar. Juntávamo-nos no hotel, saíamos e só nessa altura é que éramos informados. Os meus companheir­os de equipa não falavam inglês, espanhol ou português… Foi uma experiênci­a nova. Tinha de formar uma relação com eles centrada no futebol, e não na comunicaçã­o verbal ou na cultura.

Tinha um tradutor ou a comunicaçã­o era por gestos?

M – Sim, havia um tradutor para todos. Falava português, inglês, italiano… O primeiro treinador que tive lá era sérvio [n.d.r. Dragan Okuka era bósnio], por isso ele falava na língua dele para o tradutor, que traduzia em chinês para os jogadores locais e só depois fazia o mesmo em português ou inglês. Por isso, umapalestr­aque deviaser de 10 minutos acabava por demorar meia hora [risos]. E durante os jogos, o tradutor é que fazia quase a função de treinador. Foi uma experiênci­a diferente, daqualgost­ei. Forao futebol, eu e a minha família tentámos aproveitar ao máximo. Experiment­ámos todo o tipo de comidas, mas não comi carne de cão na China, que é a pergunta que todos me fazem [risos]. Gostei muito dos diferentes tipos de pratos que eles têm.

Já está em Lisboa há vários anos. É a cidade ideal para si e para a família?

M – A cidade é linda, tal como o clima. As minhas duas filhas nasceram cá, a Vivienne e a Ruby. Devido ao meu trabalho, ainda não conheci a fundo o seu máximo potencial. Lisboa tem uma cultura espetacula­r, algo que também se pode encontrar no Norte ou no Sul do país. A arquitetur­a da cidade é fenomenal. De cada vez que temos família a visitar-nos, não nos cansamos de tirar fotos e de lhes mostrar sítios lindos, como o Chiado ou Sintra. Gostamos de conhecer a História de Portugal. *

“A AMÉRICA É ORGANIZADA, OS JOGOS ESTÃO AGENDADOS PARA COMEÇAR A DETERMINAD­A HORA E É A ESSA HORA QUE COMEÇAM”

“UMA PALESTRA QUE DEVIA SER DE 10 MINUTOS ACABAVA POR DEMORAR MEIA HORA. E DURANTE OS JOGOS O TRADUTOR É QUE FAZIA QUASE A FUNÇÃO DE TREINADOR”

”LISBOA TEM UMA CULTURA ESPETACULA­R, ALGO QUE TAMBÉM SE PODE ENCONTRAR NO NORTE OU NO SUL DO PAÍS. A ARQUITETUR­A DA CIDADE É FENOMENAL”

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