Jardim deixa marca
Um treinador constitui uma peça fundamental na gestão de um clube de futebol. Nas minhas sessões com treinadores e futebolistas, mantemos sempre presente a ideia de que trabalhamos numa empresa e que a nossa performance tem de contribuir para os resultados dessa empresa. Nem todos os treinadores e, principalmente, jogadores têm esta noção no dia a dia. Nesta perspetiva empresarial, há treinadores que são verdadeiras máquinas de fazer dinheiro, pelas decisões que tomam, pela preocupação em acrescentar valor e pela forma como gerem e valorizam os ativos. Não existindo um treinador perfeito, existem alguns que sabem criar impacto para além dos resultados desportivos. Um excelente exemplo é Leonardo Jardim, que durante quatro anos no Monaco deixou marca na história do clube, identificou e potenciou talentos mundiais e contribuiu para a performance financeira. Ao contrário do que seria de esperar, esta época Jardim esteve longe daquilo a que nos habituou, bem como os seus jogadores, o que nos leva a questionar: o que aconteceu a tanta competência e valor? O que aconteceu é o que acontece a qualquer treinador e que termina sempre com a saída do líder do projeto quando as coisas deixam de funcionar. É ao líder que são impu- tadas as responsabilidades e as consequências. Acontece a todos os treinadores, por muitos resultados que tenham nos seus currículos. Aquilo que muitas vezes não é percebido pelos treinadores é que eles estão sempre na mão dos jogadores. O sucesso de um treinador tem a ver não só com as suas competências técnicas e táticas, o seu conhecimento e a forma como ele consegue passá-lo aos seus jogadores, a sua capacidade de adaptação e preparação perante os desafios e a sua ambição, mas também – talvez o mais importante – a sua capacidade de manter
MUITAS VEZES OS TREINADORES NÃO PERCEBEM QUE ESTÃO SEMPRE NAMÃO DOS JOGADORES
envolvidos e comprometidos no seu projeto todos os elementos. O mais desafiante por vezes não é colocar uma equipa a ganhar um jogo, o mais desafiante é alterar rotinas, gerir egos, gerar compromisso, saber dar reconhecimento e conseguir integrar novos elementos no grupo, potenciar a atitude positiva quando a equipa não está a atingir resultados. Leonardo Jardim tem veia de campeão e já nos mostrou que a gestão financeira e a criação de talento é algo que diferencia os melhores. *