“Nem sei o que é um fora-de-jogo”
O arquivo ‘Ephemera’, propriedade do político, patrocina os veteranos da pequena vila da Marmeleira
Por volta das 15h30, José Pacheco Pereira chega ao campo sintético junto ao centro de alto rendimento de Rio Maior. Natural do Porto mas com fortes ligações à pequena vila da Marmeleira, a apenas 15 quilómetros dali, o investigador e político, de 69 anos, tem uma razão muito forte para, num sábado à tarde, acompanhar 80 minutos de um jogo de futebol entre veteranos: é o primeiro em que o nome da biblioteca e arquivo ‘Ephemera’ – criada em 2003 – surge nas camisolas do grupo da Marmeleira. Ironia das ironias... Pacheco Pereira não gosta de futebol. Ou melhor, não gosta do ‘outro’ futebol. “Sou crítico com o dos negócios. Não tenho nada contra as pessoas que gostam de jogar futebol e que nada têm nada a ganhar com isso. Merecem o meu respeito. O que não aceito com facilidade é o mundo mafioso do futebol, pelo qual já fui ameaçado pelas opiniões que emito. Este jogo a que assistimos, sim, é o futebol. O que eu ataco é ‘outro’ futebol”, explica Pacheco Pereira a Record.
O resultado do jogo entre os veteranos da Marmeleira e os de São Bernardino acabou por ser o menos importante – 2-1 para os de Peniche. Para Pacheco Pereira, ver o nome ‘Ephemera’ nas camisolas daquele grupo de amigos é motivo mais do que suficiente para ‘perder’ umas horas sempre que for dia de jogo: “É uma coisa magnífica. Alguns destes homens trabalham na construção e têm trazido coisas importantes para o arquivo. Quando vão demolir uma casa ou fazer uma obra encontram coisas que, em condições normais, iriam para o lixo. É um grande gosto e com certeza vamos conseguir bons resultados.” É caso para dizer que Pacheco Pereira já gosta de futebol. *
ALGUNS DOS JOGADORES, QUE TRABALHAM NA CONSTRUÇÃO CIVIL, AJUDARAM A ENRIQUECER A BIBLIOTECA RECORD ACOMPANHOU O PRIMEIRO JOGO