Record (Portugal)

“MUITOS NÃO FIZERAM TANTO COMO EU”

Nas bancadas do Hampden Park vai estar o único português a jogar na Escócia. Hoje adepto, sem nunca perder a esperança de um dia representa­r a Seleção Nacional. Uma oportunida­de que acha que devia ter tido no passado

- TEXTOS DAVID NOVO FOTOS PEDRO FERREIRA

“COM A POLÓNIA, PORTUGAL MOSTROU QUE TEM UMA GERAÇÃO COM QUALIDADE E QUE GOSTA DE JOGAR BOM FUTEBOL”

Que seleção da Escócia é esta que Portugal vai defrontar?

DANIEL CANDEIAS – Confesso que acompanho mais a seleção escocesa quando são convocados mais jogadores do Rangers. Neste momento só está o guarda-redes, Allan McGregor. E posso dizer que é um guarda-redes com muita qualidade.

E já experiente: tem 36 anos...

DC – Sim, mas parece que ainda está a começar. Dá muita segurança à equipa. A equipa escocesa não dá uma bola como perdida, gosta de impor o físico, ou seja, o estilo habitual do futebol escocês.

Os jornalista­s escoceses com quem falámos destacaram muito o Robertson, defesa-esquerdo do Liverpool…

DC – Pelas notícias que li, ele assumiu recentemen­te a braçadeira de capitão. Além disso, joga no Liverpool, um clube muito respeitado e conhecido.

O futebol escocês continua como típico o pontapé para afrente, o chamado ‘kick and rush’?

DC – Sim, é muito diferente do português. Gostam de jogar direto e procurar as segundas bolas. Sempre impondo o físico. Mas também já existem equipas que querem jogar um futebol mais técnico. Por exemplo, nós no Rangers tentamos jogar mais pelo chão.

E que opinião tem desta geração da Seleção Portuguesa? Os últimos jogos até têm mostrado uma equipa sem Cristiano Ronaldo...

DC – Vi o jogo com a Polónia e Portugal mostrou que tem uma geração com qualidade e que gosta de jogar bom futebol. Acho que Portugal pode ficar descansado quanto ao futuro.

Destaca algum jogador?

DC – Acho que o mais forte é mesmo o grupo. Mas, claro, tens Bernardo Silva, Pizzi, Rúben Neves, vários jogadores com talento.

Você não é internacio­nal desde os sub-23, em 2010. De lá para cá acha que merecia ter tido uma oportunida­de para ser observado de perto pelos selecionad­ores?

DC – Há muitos jogadores com qualidade para a minha posição, tenho consciênci­a disso, mas também sei o potencial que tenho. Em Portugal fui o jogador com mais assistênci­as do campeonato em 2013/14, com 12 no total. De tal forma que depois até assinei pelo Benfica. Na temporada passada fiz 10 assistênci­as no campeonato escocês, ninguém fez mais, e também fui eleito o jogador do ano do Rangers, numa votação dos adeptos. Ao longo destes anos todos merecia ter tido uma oportunida­de, até porque muitos tiveram-na e se calhar não fizeram tanto como eu. Mas estou de consciênci­a tranqui- la e sempre com a esperança de que um dia possa ser chamado. Apesar de já ter 30 anos, sou português e como qualquer jogador tenho o objetivo de chegar à Seleção Nacional. Se surgir a oportunida­de ficarei muito feliz.

Sabe se alguma vez foi observado pela FPF?

DC – Sei que, na época passada, houve um elemento da Federação Portuguesa de Futebol, não sei quem, que esteve em Glasgow a observar o jogo entre o Rangers e o Celtic, até porque estava cá o Bruno Alves. Por acaso, até marquei nesse jogo. Sei que vieram cá para ver o Bruno, mas como estavam mais portuguese­s na equipa...

Isso deixou-o nervoso ou encarou apenas como mais um jogo?

DC – Não, foi apenas mais um jogo. Dei o meu melhor pela equipa, marquei um golo e fiquei feliz. *

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DANIEL CANDEIAS
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