VALERAM OS CAPITÃES
BRUNO FERNANDES E NANI CARIMBAM TRIUNFO LEONINO EM ALVERCA
Um Sporting sem chama, burocrático na posse, desinspirado a todos os níveis, saiu de Alverca apenas com os mínimos exigidos no confronto com o Loures. O futebol verde e branco chegou a ser confrangedor na maior parte da hora e meia, com poucas ideias, sem entusiasmo na criação e com dificuldade (imagine-se…) para garantir segurança perante o atrevimento alheio, tudo num duelo em que pela frente teve adversário claramente mais frágil, de outra dimensão, mas que equilibrou as operações em várias fases da partida. Ao contrário da maior parte destas histórias, o tempo não jogou a favor da equipa mais forte, porque o Sporting não foi capaz de aproveitar a superior condição física e o Loures empertigou-se nos últimos instantes da partida, conseguindo marcar o seu golo já em período de compensação. No fim, a equipa leonina foi assobiado pelos seus adeptos, não pelo resultado mas pela exibição; não pelo difícil cumprimento do dever mas pelo futebol sem qualidade que exibiu; não pelo risco de sair derrotada mas pela atitude aburguesada que revelou, nos primeiros minutos (o primeiro golo surgiu apenas aos 42 minutos) e pelo desnorte que afetou a equipa na parte final (um golo sofrido que deu ao resultado uma expressão mais de acordo com o que sucedeu em campo). A sensação para os sportinguistas é amar- ga, mesmo ganhando e tendo em conta que, também pelo pontapé de penálti desperdiçado por Bruno Fernandes, que nunca estiveram em risco de perder.
Sem ideias
Muito bem esteve o Loures na primeira parte, enchendo de grãos de areia a engrenagem leonina. O Sporting, sempre desinspirado e sem soluções, sentiu a dificuldade suplementar de ver prolongada no tempo uma teia que lhe atrofiou os movimentos e tapou o caminho para a baliza contrária. Com equipa de tração à frente, com Nani e Bruno Fernandes à frente de Gudelj, os verdes e brancos cedo se balancearam para o ataque. Não fizeram mais do que a obrigação mas nunca foram capazes de produzir jogo ofensivo incómodo para o extremo reduto contrário.
Mas a circulação foi penosa, imprecisa, sem profundidade, com dificuldade sistemática em ver os principais desequilibradores receberem a bola de frente para a baliza, para iniciarem movimentos individuais ou combinados rumo ao golo. Foi isso que o Sporting não fez na primeira parte, resolvendo a inépcia com um momento de inspiração de Bruno Fernandes, que recorreu a arma que a equipa não
utilizara até ali: o remate de fora. O tiro saiu com força e Miguel Soares foi batido pela surpresa de um tiro que, bem vistas as coisas, tinha defesa. O leão ia para o intervalo a ganhar, como corolário da superioridade global revelada mas de uma forma pouco convincente.
Displicentes
A segunda parte começou com o penálti falhado por Bruno Fernandes, momento que, no cômputo geral, acabou por ser mais relevante para o jogo do que se pensou no momento. Mas Nani não demorou em colocar o marcador na segurança de dois golos de vantagem, dando início ao pior período da exibição leonina; quando se pensava que as circunstâncias ditariam desnível maior, eis que os sportinguistas abordaram o troço final do encontro com uma displicência inacreditável. As substituições refrescaram o Loures e, contra todas as evidências, a principal das quais o inevitável espaço aberto nas costas da sua defesa, a equipa da casa cresceu, subiu no terreno e acercou-se como nunca do último reduto sportinguista. O golo de Juninho, já na compensação, colocou justiça no marcador – antes, Miguel Oliveira surgiu isolado diante Renan, permitindo-lhe a defesa. Ganhando, o jogo não podia ter acabo pior para o Sporting. *