RESISTIR ATE... CAIR
O árbitro prejudicou claramente o Sporting, mas foi um erro individual de Coates que acabou por deitar por terra a estratégia de José Peseiro
No papel, a diferença de forças entre Sporting e Arsenal era muito desfavorável aos leões. No entanto, em campo, as coisas foram substancialmente distintas. Apesar da vitória tangencial dos gunners (10), a formação leonina deu uma imagem muito positiva daquilo que pode fazer esta temporada (especialmente na primeira parte), isto apesar de nunca ter verdadeiramente deslumbrado do ponto de vista técnico.
José Peseiro apostou numa equipa operária, tremendamente consciente dos espaços interiores – a surpreendente inclusão de Petrovic no onze serviu exatamente para isso – e que vinha com a lição bem estudada, na forma como tentou pressionar o Arsenal logo na sua zona de construção. Se na etapa inicial esta estratégia resultou na perfeição (só faltou mesmo que o árbitro tivesse expulsado Sokrátis num lance com Montero), o mesmo já não se pode dizer da 2ª parte, período no qual o Sporting foi ‘engolido’ pelo Arsenal, que regressou dos balneários com a enorme vontade de colocar o jogo em patamares de intensidade competitiva que ao leão pura e simplesmente não interessavam.
Os vaticínios de Peseiro
Antes deste jogo, o treinador do Sporting deixou duas certezas: a primeira era a de que a sua equipa não iria ser goleada pelo Arsenal; a segunda foi a de que dificilmente o leão teria mais posse de bola do que os gunners. Ambas na ‘muche’! Mas é pegando neste segundo vaticínio de Peseiro que se podem explicar as diferenças entre o Sporting da 1ª parte e aquele que não conseguiu expulsar o Arsenal do seu meio-campo ofensivo durante os últimos 45 minutos.
A aposta em três médios de contenção (Petrovic, Battaglia e Gudelj) acabou por condicionar as saídas do Arsenal, que não se mostrou tão confortável em iniciar as transições através dos corredores. O Sporting aproveitou esta inope- rância tática do adversário para deixar sérios avisos ao Arsenal – Bruno Fernandes (16’ e 18’) e Nani (24’ e 31’). Aliás, na 1ª parte, o Arsenal destacou-se mais pela quantidade de passes falhados do que propriamente pelo perigo levado até à baliza de Renan...
Intensidade e velocidade
A receita do Sporting para os derradeiros 45 minutos deveria ser a mesma da etapa inicial, mas a verdade é que o Arsenal da 1ª parte ficou... no balneário. Emery fez uma troca simples e alterou o rumo do jogo: em vez de ser Elneny a vir buscar a bola à zona dos centrais, o
técnico espanhol inverteu o triângulo a meio-campo, ‘puxou’ Guendouzi para a zona onde os gunners iniciavam as transições e, com isto, deu maior amplitude e profundidade ao miolo. A entrada de Lucas Torreira só veio reforçar o controlo territorial que o Arsenal já apresentava, numa dinâmica assente em trocas de bola constantes, passes para os corredores e movimentos de rutura, não só de Wel- beck e Aubameyang, como também de Mkhitaryan e até Ramsey. Apesar da sensação no estádio ser a de que o golo do Arsenal poderia surgir a qualquer momento (principalmente depois dos 65’), a verdade é que os gunners não paravam de bater na muralha erguida pelo Sporting à frente da baliza de Renan. Aliás, foi apenas no aproveitamento de um erro de Coates que Welbeck conseguiu colocar o Arsenal em vantagem (78’). Antes disso (71’), já Jovane tinha sido lançado para tentar esticar o jogo, mas esta substituição dá a ideia de ter pecado por tardia.
Os erros de arbitragem foram nefastos para as aspirações leoninas, mas no final, acabou por vencer a equipa que tinha maiores argumentos para o fazer. A derrota não é penalizadora para o Sporting, mas o Arsenal, pela boa 2ª parte, é um justo vencedor. *