Record (Portugal)

Os treinadore­s também não são para sempre

RUI VITÓRIA FOI INSULTADO APÓS A DERROTA NO JAMOR, JOSÉ PESEIRO É ASSOBIADO EM ALVALADE QUER PERCA OU GANHE E LOPETEGUI SAIU DE CAMP NOU COMO ENTROU: DESTROÇADO

- Alexandre Pais Ex-Diretor Record

Imagem muito própria do futebol português aquela que a TV nos deu no sábado: Silas e o adjunto Zé Pedro, técnicos sem carimbo oficial, a trocarem pontos de vista no Jamor, dentro da cabina de acrílico do banco de suplentes. Cá fora, o porta-voz autorizado, Tiago Teixeira, treinador principal faz de conta, transmitia para o campo as instruções do boss. Foi este trio de raposas de currículo ainda modesto que montou a teia tática em que o Belenenses SAD –hoje, por respeito à fantástica atitude dos jogadores de cruz ao peito, esqueço que se trata, de facto, do Codecity FC –enredou, de forma inesperada mas perfeita, Rui Vitória e o Benfica.

Sente-se bastante nos encarnados a não titularida­de de Jonas.

E levanta-se uma dúvida: está ou não em condições físicas para integrar o onze inicial? Se está, pois que jogue quanto antes –só assim poderá voltar ao que foi. Se não está, então o que faz no Benfica? Nada inocente foi a resposta que deu ao repórter que lhe perguntou se não gostaria de jogar mais: “Estou à disposição”, uma frase seca e curta que surgiu como uma crítica às opções do treinador.

A realidade encosta, na verdade, Rui Vitória às cordas.

Aequi- pa perde duas partidas consecutiv­as em que não consegue marcar. Onde está o temível caudal ofensivo do Benfica? Adesculpa da falta de sorte, que existiu mas que evitou também que os azuis chegassem ao 3-0… –e disso ninguém fala –conta pouco para os adeptos, que já compreende­ram que o ciclo de Vitória se aproxima do fim, amanhã, talvez em janeiro, se calhar só em maio. Daí se passou à feia fase dos assobios e insultos a um homem que tem trabalhado com entrega e obtido excelentes resultados. Mas nada dura para sempre e a sina de um treinador é por vezes maldita.

Os dias seguem difíceis igualmente para o Real Madrid,

goleado em Camp Nou e já a sete pontos da liderança. Ontem, tudo aconteceu com ‘normalidad­e’: Marcelo tornou a marcar – são dele três (!) dos últimos quatro golos dos madridista­s –e lesionou-se, Varane somou asnei- ras à gorda coleção da época e saiu com “moléstias” (uma novidade!), Bale –“um zero à esquerda” como se escreveu na “Marca” –passeou-se de novo em campo até alguém se lembrar de o substituir, Courtois transformo­u-se num saco de golos, Ramos, o chefe dos donos do balneário, não pode com uma gata pelo rabo, e Lopetegui enterrou os pregos que lhe faltavam no caixão –o seu rosto, no início do clássico, era já o de um derrotado. Ou seja, não devia sequer lá estar.

Melhornão corre avidaa José Pese iro no Sporting.

Regressei a Alvalade para ver o duelo com o Arsenal e tive duas meias-surpresas. Uma foi a forma fenomenal como as claques leoninas continuam a apoiar a equipa, independen­temente do que esteja a ser o desempenho –daí a sua indiscutív­el importânci­a. Aoutra foi a animosidad­e contra Peseiro e todas as decisões que tome, certas ou erradas. Quando, em cima do intervalo, Ristovski se magoou e se arrastou para fora do terreno –o Sporting carregava sobre a baliza adversária e ia ser marcado um canto a seu favor – o treinador saltou do banco e mandou o jogador reentrar em campo. Ouviu então uma enorme assobiadel­a, que mais não foi do que o aproveitam­ento da oportunida­de para a plateia descarrega­r sobre ele a sua frustração. Ora, o que temos no reino do leão é um conjunto arrumado, que luta muito e não consegue dar mais –basta para o Boavista, não chega para o Arsenal. Aculpa será de Peseiro ou do Nero que incendiou Roma?

JONAS ESTÁ OU NÃO EM CONDIÇÕES DE SER TITULAR? SE NÃO ESTÁ, O QUE FAZ NO BENFICA?

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal