Record (Portugal)

DRAGÕES OBRIGADOS A SUAR

Sérgio Conceição trocou a equipa toda a pensar em futuras batalhas, mas teve de recorrer aos pesos-pesados para evitar a desonra no Dragão

- CRÓNICA DE RUI SOUSA

Quando Haman marcou o segundo golo do Varzim e empatou o jogo a um quarto de hora do final, pairou no Dragão o fantasma que tem perseguido os portistas nos últimos anos na Allianz Cup, onde vinham de uma sequência de uma vitória nos últimos seis encontros em casa. Um perfeito disparate de Sérgio Oliveira que deixou Sérgio Conceição incrédulo e com o apuramento para a final four em risco. Um susto que, no entanto, não provocou grandes danos na estrutura do FC Porto, dado que a resposta foi violenta e traduziu-se em mais dois golos dos dragões que os colocaram na liderança do Grupo C, ainda que à condição. Com o calendário a não dar tréguas – no horizonte está uma des- locação ao Marítimo e receções a Lokomotiv Moscovo e Sp. Braga –, Sérgio Conceição entendeu por bem revolucion­ar a equipa, deixando de fora todos os jogadores que haviam entrado de início na vitória frente ao Feirense. Nem em Vila Real tinha feito uma alteração tão radical no onze. O técnico assumiu o risco e encarou o Varzim com a consciênci­a de que um novo deslize, depois do empate frente ao Chaves, poderia compromete­r seriamente as aspirações do FC Porto na prova.

Como seria de prever, a equipa sentiu naturais dificuldad­es de ligação entre os sectores e só quase à meia hora conseguiu criar uma jogada de verdadeiro perigo, valendo duas boas defesas de Emanuel Novo a impedirem a finalizaçã­o de Hernâni. Logo a seguir surgiu o golo de Jonathan, num lance em que foi evidente uma passividad­e capaz de deixar Conceição à beira de um ataque de nervos. O tento de Bazoer foi o melhor que se viu dos dragões até ao final da primeira parte e percebeu-se que depois do intervalo nada seria como dantes. Por muito que o técnico dos dragões quisesse poupar os habituais titulares que tinha no banco (Corona, Soares, Óliver Torres e Marega), tornou-se inevitável fa- zer avançar alguns deles para salvar a honra do Dragão.

Segunda revolução

Com Jorge impedido de voltar para a segunda metade, devido a problemas físicos, avançou Corona e Hernâni foi desviado para lateral-esquerdo. Estava dado o primeiro passo para a segunda revolução portista, começando um autêntico vendaval junto da baliza de Emanuel Novo, com os remates a surgirem em catadupa. A bola não entrava e Sérgio Conceição voltou a recorrer ao ouro que tinha no banco para lançar Soares. Fez sair o outro lateral (João Pe-

dro) e entregou o corredor direito todo a Corona. Os últimos 25 minutos foram feitos com o mexicano e Hernâni a assumirem todas as despesas nas alas, procurando servir um verdadeiro pelotão de assalto à muralha poveira, com Soares, Adrián López, André Pereira e até Otávio sempre com os olhos postos na baliza de Emanuel Novo. O Varzim resistiu até ao limite das suas forças, acabando por quebrar face à derradeira investida dos dragões.

Muralha abriu brechas

Face a um domínio tão intenso do FC Porto e ao natural défice físico do Varzim, tornou-se uma questão de tempo até surgirem desequilíb­rios. O golo de Haman assustou, mas não chegou para arrumar com o campeão nacional, que se revelou demolidor nos últimos dez minutos. Soares, depois de ter marcado o segundo golo, ‘obrigou’ Stephen Payne a fazer um autogolo e André Pereira fechou com chave de ouro um golpe de magia de Corona.

Ruan Teles ainda acertou no poste, ameaçando reduzir a desvantage­m, e deixou uma imagem positiva dos poveiros, que saíram do Dragão de cabeça erguida e ainda com possibilid­ades de apuramento para a final four. *

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal