“Já conhecem o nosso valor”
JOÃO HENRIQUES
No primeiro treino da época conseguia imaginar o Santa Clara no 6.º lugar do campeonato, a quatro pontos do líder, ao fim de oito jornadas da Liga NOS? JOÃO HENRIQUES – Não era expectável estarmos nesta posição e com este conforto de pontos. Sabíamos o que queríamos e o que estávamos a construir, mas seria complicado adivinhar resultados. Queríamos construir um grupo competitivo, com capacidade para disputar todos os jogos, mas conseguir três vitórias consecutivas na Liga NOS não é fácil. Ainda para mais para uma equipa proveniente da 2ª Liga. O Santa Clara apresenta uma estrutura diferente, com uma nova equipa técnica, muitos jogadores novos; por isso, este início de campeonato está a superar as expectativas. Temos confiança no nosso trabalho, nos jogadores que contratámos e contávamos surpreender muitas equipas no início do campeonato. Apenas não sabíamos os pontos que poderíamos atingir no arranque da prova.
Quando chegou aos Açores teve o cuidado de dizer que gostaria de ver o Santa Clara a praticar um futebol positivo. Fez essa declaração para limpar, de alguma forma, a imagem que tentaram colar-lhe de “treinador de antijogo” depois do Paços de Ferreira-FC Porto da época passada?
JH – Quem seguiu a minha carreira, sabe que fui um treinador de subidas de divisão. Sempre fui um treinador de ataque, que privilegia a qualidade de jogo. Aquilo que tentaram colar-me não se coaduna com a minha carreira. Sou treinador desde os 23 anos, faço hoje [ontem] 46, e sempre apresentei esta filosofia de jogo, nos escalões de formação, nos Distritais, nas divisões secundárias e na 2ª Liga. Sempre fui um treinador de ataque, nunca entrei em campo para defender. Tentaram colar-me uma imagem de antijogo na sequência de um jogo do Paços de Ferreira, que conseguiu vencer o FC Porto. Um encontro em que o Paços fez uma extraordinária primeira parte e, naturalmente, contra um grande, uma equipa que não tem as mesmas armas precisa de se proteger. Não fizemos antijogo, nem fizemos nada de diferente do que se faz em todo o lado.
A sua equipa marcou 16 golos, em oito jogos, apesar de ter perdido Thiago Santana, que foi o melhor marcador do Santa Clara na época passada. Qual é o segredo para esta produtividade?
JH – O Santa Clara vale pelo seu conjunto, pelo trabalho realizado diariamente. Um trabalho que potencia os jogadores disponíveis, permitindo marcar golos e defender cada vez melhor. As individualidades trabalham no coletivo e depois sobressaem em momentos do jogo para desequilibrar em algumas situações.
Com 14 pontos em oito jogos e a revelar este acerto em termos de finalização, até onde poderá chegar o Santa Clara?
JH – Os pontos que conquistámos não nos garantem nada. Estamos numa posição confortável, com condições para discutir os jogos olhos nos olhos, sem estarmos preocupados com a pressão dos pontos. Agora, sabemos que precisamos de mais pontos, porque 14 é curto para esta longa maratona. É uma época em que descem três equipas e precisamos de garantir os pontos suficientes para atingir a permanência.
A atual classificação do Santa Clara permite-lhe abordar o jogo com o Sporting com uma estratégia diferente da habitual?
JH – Vamos encarar o jogo como temos feito. O objetivo é marcar golos na baliza do adversário. É isso que vamos continuar a tentar fazer, independentemente do adversário. Claro que existem jogos, com equipas mais fortes, em que vamos ter mais dificuldades e chegaremos menos vezes à baliza do adversário. Sabemos que vamos defrontar uma equipa fortíssima, com valores individuais extraordinários, treinada por um excelente técnico. Na minha opinião, o José Peseiro é um dos melhores do Mundo no treino. Vamos ter respeito pelo adversário, mas seremos uma equipa ambiciosa e a tentar marcar golos.
“SOU TREINADOR DESDE OS 23 ANOS, FAÇO HOJE [ONTEM] 46 E SEMPRE APRESENTEI ESTA FILOSOFIA DE JOGO”
“CONTRA UM GRANDE, UMA EQUIPA QUE NÃO TEM AS MESMAS ARMAS PRECISA DE SE PROTEGER”
“ESTAMOS NUMA POSIÇÃO CONFORTÁVEL, COM CONDIÇÕES PARA DISCUTIR OS JOGOS SEM A PRESSÃO DOS PONTOS”
“SABEMOS QUE VAMOS DEFRONTAR UMA EQUIPA FORTÍSSIMA, COM VALORES INDIVIDUAIS EXTRAORDINÁRIOS”
“AS EQUIPAS JÁ SABEM O VALOR DO SANTA CLARA E, POR ISSO, SERÁ CADA VEZ MAIS DIFÍCIL SUPERARMOS OS ADVERSÁRIOS”
Queremos ser uma equipa alegre e gosto que as pessoas se sintam felizes a ver os jogos do Santa Clara.
O Sporting tem sido irregular nos jogos fora de casa. Isso aumenta as possibilidades de o Santa Clara conseguir um bom resultado no domingo? JH – O Sporting sofreu, no início da época, os efeitos da turbulência do verão. Houve uma mudança de direção, um novo treinador, e procuraram remediar o que estava a acontecer no clube. Está agora a começar a estabilizar. Sabemos que houve uma grande instabilidade que, naturalmente, afetou a equipa de futebol. O Sporting tem quatro pontos nos jogos fora, um número aquém das expectativas no campeonato. Perdeu em Braga e em Portimão, mas esses são desaires que acontecem a todas as equipas. O Sporting vai começar a perder menos pontos fora de casa e vai continuar a ser fortíssimo em casa. O goleador Bas Dost está de regresso após a lesão e é a referência do ataque do Sporting. Torna o jogo mais difícil para o Santa Clara? JH – O Sporting volta a contar com Bas Dost e Mathieu. São dois jogadores de enorme qualidade, referências na época anterior, e de qualidade inquestionável. Vai apresentar o melhor onze contra o Santa Clara porque não quer ser surpreendido. As equipas já sabem o valor do Santa Clara. Por isso, será cada vez mais difícil superarmos os adversários. *