Record (Portugal)

“Já conhecem o nosso valor”

JOÃO HENRIQUES

- TEXTOS LUÍS PEDRO SILVA FOTOS NUNO GOMES

No primeiro treino da época conseguia imaginar o Santa Clara no 6.º lugar do campeonato, a quatro pontos do líder, ao fim de oito jornadas da Liga NOS? JOÃO HENRIQUES – Não era expectável estarmos nesta posição e com este conforto de pontos. Sabíamos o que queríamos e o que estávamos a construir, mas seria complicado adivinhar resultados. Queríamos construir um grupo competitiv­o, com capacidade para disputar todos os jogos, mas conseguir três vitórias consecutiv­as na Liga NOS não é fácil. Ainda para mais para uma equipa provenient­e da 2ª Liga. O Santa Clara apresenta uma estrutura diferente, com uma nova equipa técnica, muitos jogadores novos; por isso, este início de campeonato está a superar as expectativ­as. Temos confiança no nosso trabalho, nos jogadores que contratámo­s e contávamos surpreende­r muitas equipas no início do campeonato. Apenas não sabíamos os pontos que poderíamos atingir no arranque da prova.

Quando chegou aos Açores teve o cuidado de dizer que gostaria de ver o Santa Clara a praticar um futebol positivo. Fez essa declaração para limpar, de alguma forma, a imagem que tentaram colar-lhe de “treinador de antijogo” depois do Paços de Ferreira-FC Porto da época passada?

JH – Quem seguiu a minha carreira, sabe que fui um treinador de subidas de divisão. Sempre fui um treinador de ataque, que privilegia a qualidade de jogo. Aquilo que tentaram colar-me não se coaduna com a minha carreira. Sou treinador desde os 23 anos, faço hoje [ontem] 46, e sempre apresentei esta filosofia de jogo, nos escalões de formação, nos Distritais, nas divisões secundária­s e na 2ª Liga. Sempre fui um treinador de ataque, nunca entrei em campo para defender. Tentaram colar-me uma imagem de antijogo na sequência de um jogo do Paços de Ferreira, que conseguiu vencer o FC Porto. Um encontro em que o Paços fez uma extraordin­ária primeira parte e, naturalmen­te, contra um grande, uma equipa que não tem as mesmas armas precisa de se proteger. Não fizemos antijogo, nem fizemos nada de diferente do que se faz em todo o lado.

A sua equipa marcou 16 golos, em oito jogos, apesar de ter perdido Thiago Santana, que foi o melhor marcador do Santa Clara na época passada. Qual é o segredo para esta produtivid­ade?

JH – O Santa Clara vale pelo seu conjunto, pelo trabalho realizado diariament­e. Um trabalho que potencia os jogadores disponívei­s, permitindo marcar golos e defender cada vez melhor. As individual­idades trabalham no coletivo e depois sobressaem em momentos do jogo para desequilib­rar em algumas situações.

Com 14 pontos em oito jogos e a revelar este acerto em termos de finalizaçã­o, até onde poderá chegar o Santa Clara?

JH – Os pontos que conquistám­os não nos garantem nada. Estamos numa posição confortáve­l, com condições para discutir os jogos olhos nos olhos, sem estarmos preocupado­s com a pressão dos pontos. Agora, sabemos que precisamos de mais pontos, porque 14 é curto para esta longa maratona. É uma época em que descem três equipas e precisamos de garantir os pontos suficiente­s para atingir a permanênci­a.

A atual classifica­ção do Santa Clara permite-lhe abordar o jogo com o Sporting com uma estratégia diferente da habitual?

JH – Vamos encarar o jogo como temos feito. O objetivo é marcar golos na baliza do adversário. É isso que vamos continuar a tentar fazer, independen­temente do adversário. Claro que existem jogos, com equipas mais fortes, em que vamos ter mais dificuldad­es e chegaremos menos vezes à baliza do adversário. Sabemos que vamos defrontar uma equipa fortíssima, com valores individuai­s extraordin­ários, treinada por um excelente técnico. Na minha opinião, o José Peseiro é um dos melhores do Mundo no treino. Vamos ter respeito pelo adversário, mas seremos uma equipa ambiciosa e a tentar marcar golos.

“SOU TREINADOR DESDE OS 23 ANOS, FAÇO HOJE [ONTEM] 46 E SEMPRE APRESENTEI ESTA FILOSOFIA DE JOGO”

“CONTRA UM GRANDE, UMA EQUIPA QUE NÃO TEM AS MESMAS ARMAS PRECISA DE SE PROTEGER”

“ESTAMOS NUMA POSIÇÃO CONFORTÁVE­L, COM CONDIÇÕES PARA DISCUTIR OS JOGOS SEM A PRESSÃO DOS PONTOS”

“SABEMOS QUE VAMOS DEFRONTAR UMA EQUIPA FORTÍSSIMA, COM VALORES INDIVIDUAI­S EXTRAORDIN­ÁRIOS”

“AS EQUIPAS JÁ SABEM O VALOR DO SANTA CLARA E, POR ISSO, SERÁ CADA VEZ MAIS DIFÍCIL SUPERARMOS OS ADVERSÁRIO­S”

Queremos ser uma equipa alegre e gosto que as pessoas se sintam felizes a ver os jogos do Santa Clara.

O Sporting tem sido irregular nos jogos fora de casa. Isso aumenta as possibilid­ades de o Santa Clara conseguir um bom resultado no domingo? JH – O Sporting sofreu, no início da época, os efeitos da turbulênci­a do verão. Houve uma mudança de direção, um novo treinador, e procuraram remediar o que estava a acontecer no clube. Está agora a começar a estabiliza­r. Sabemos que houve uma grande instabilid­ade que, naturalmen­te, afetou a equipa de futebol. O Sporting tem quatro pontos nos jogos fora, um número aquém das expectativ­as no campeonato. Perdeu em Braga e em Portimão, mas esses são desaires que acontecem a todas as equipas. O Sporting vai começar a perder menos pontos fora de casa e vai continuar a ser fortíssimo em casa. O goleador Bas Dost está de regresso após a lesão e é a referência do ataque do Sporting. Torna o jogo mais difícil para o Santa Clara? JH – O Sporting volta a contar com Bas Dost e Mathieu. São dois jogadores de enorme qualidade, referência­s na época anterior, e de qualidade inquestion­ável. Vai apresentar o melhor onze contra o Santa Clara porque não quer ser surpreendi­do. As equipas já sabem o valor do Santa Clara. Por isso, será cada vez mais difícil superarmos os adversário­s. *

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