Record (Portugal)

DESAFIO SUPERADO

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tinha. Acreditou em mim e fomos em frente. Jamais me esquecerei da aposta que fez”, revela. Os meses foram passando, até que chegou o dia da verdade: “Acordei muito cedo. Confesso que a minha cabeça estava vazia, naquelas horas antes da partida obriguei-me a não pensar em nada. Tive medo, muito medo. Quando cheguei à zona da partida, deixei-me levar. Quando partimos, então, aí sim, aí pensei, ‘estou lixado, estou a correr a maratona’”. Não havia volta a dar. Agora só poderia parar na meta. Não foi fácil. O tão temido ‘muro’ apareceu aos 26 quilómetro­s. “Cheguei a alucinar, chorei, tive raiva, pensei em desistir, mas tinha de chegar ao fim... e a correr”, adianta. Por quem o apoiou, mas também pelo amigo triatleta Luís Miguel Grilo, falecido dias antes da prova. “Acredito que ele correu comigo. Também por ele eu tinha de chegar ao fim.” E chegou mesmo. Na meta lá estavam a sua mulher, a filha, os amigos. Quando entrou nos últimos metros, ganhou forças redobradas que não sabe de onde vieram, deu as mãos aos companheir­os de aventura (dois amigos que o ajudaram durante a prova), num momento que descreve como “um dos mais fantástico­s” de toda a sua vida, antes de outro instante de glória que o deixou emocionado. “Quando me colocaram a medalha ao pescoço, chorei”, confessa.

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Outra? Nunca mais...

Depois, a pergunta habitual: para quando a próxima? “Não quero correr mais nenhuma. Berlim será irrepetíve­l, nada será como aquela aventura. Não quero mais maratonas para não ter termos de comparação”, sublinha.

No meio da conversa, já nos esquecíamo­s que neste dia houve um recorde do Mundo. Foi uma espécie de brinde do universo... “Conspirou a meu favor! Fiz a primeira maratona aos 48 anos, numa Major, no dia em que foi batido o recorde por um extraterre­stre chamado Eliud Kipchoge. Como é que alguma vez irei esquecer aquele domingo, em Berlim... Não esqueço, de tal forma que estou, de novo, a chorar”, conclui. *

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ORGULHO. Com a medalha que confirma o feito que jamais esquecerá
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