‘Keizermento’ à primeira vista
reality-show de casamentos entre pessoas desconhecidas, difundido pela SIC, encontrou concorrência inesperada na realidade do Sporting. O presidente Frederico Varandas teria de ser um extraordinário analista futebolístico para conhecer a fundo o perfil e o trabalho de Marcel Keizer, ao ponto de o identificar como o sucessor ideal de José Peseiro em Alvalade, pelo que esta súbita atração pelo desconhecido surpreende. Sobretudo quando o eleito é um treinador de 49 anos, e 13 épocas de carreira, que disputou apenas 28 jogos na Eredivisie. O seu ponto alto foi orientar a equipa B do Ajax, o seu único contacto com a mítica escola de formação holandesa que é colada como um cliché a qualquer técnico oriundo daquelas paragens. O núcleo duro do futebol leonino é de outra opinião, certamente, mas não dá para perceber, pelo menos nessa primeira vista, qual será a mais-valia que Keizer vai garantir ao projeto e, sobretudo, que continuidade e evolução pode assegurar quando, face ao seu currículo, nem sequer tem provas dadas.
Se o objetivo era o de confiar num treinador emergente, então havia opções portuguesas com potencial que poderiam avançar no imediato. É que, tal como no referido programa dos casamentos, o acordar para a realidade proporcionado pela convivência diária nem sempre permite que os concorrentes vivam felizes para sempre. O mais estranho é que este Sporting aparentemente em cacos está à mesma distância (2 pontos) do topo da tabela que aquela armada pretensiosa, e dispendiosa, liderada por Bruno de Carvalho e Jorge Jesus há um ano. Posto isto, na hora de substituir um técnico despedido após uma derrota na Allianz Cup, vai buscar-se outro que terminou a curta passagem pelo Ajax depois de ser eliminado da Taça...