Record (Portugal)

LEVANTADOS DO CHAO

Um leão em 4x4x2 saiu para o intervalo a perder e sem Battaglia. A atitude na segunda parte mudou e tudo foi diferente depois do penálti

- CRÓNICA DE VÍTOR ALMEIDA GONÇALVES

Em ‘escala’ para uma nova realidade, que há de chegar com o novo treinador, o Sporting pósJosé Peseiro garantiu os serviços mínimos na visita ao terreno de um Santa Clara, que teve tanto de personalid­ade na primeira parte como de desacerto na segunda. E, não, não basta aos açorianos falar de arbitragem para justificar erros próprios, já que a atitude de Patrick, que obrigou a equipa a jogar quase 30 minutos em inferiorid­ade numérica, é inaceitáve­l. Ponto. O Sporting apresentou-se no Estádio de São Miguel com um novo sistema tático, necessaria­mente sem rotinas, pois José Peseiro jogava em 4x2x3x1 ou 4x3x3 e Tiago Fernandes teve poucos dias para prepa- rar mudanças. Ainda assim, com Montero no banco, o técnico interino lançou Diaby em dupla de ataque com Bas Dost e colocou Bruno Fernandes no apoio a Battaglia, na zona central, entregando as alas a Nani e Acuña. Atrás, a única surpresa foi mesmo a inclusão de Lumor.

O Santa Clara, disposto em 4x3x3, não se incomodou em dar a iniciativa ao adversário mas o jogo, condiciona­do por um vento forte a ‘favorecer’ o Sporting, saldou-se na primeira meia hora por um remate de Bruno Fernandes, que Marco sacudiu para canto (7’). Até que, já depois de uma picardia desnecessá­ria de Nani com Mamadu, Battaglia lesionou-se com gravidade e teve de ser substituíd­o por Gudelj. Coincidênc­ia ou não, o Santa Clara capitalizo­u o momento: Rashid, com um passe fantástico, descobriu Zé Manuel entre Mathieu e Lumor e o avançado, sem deixar cair a bola, encostou de primeira para o fundo das redes de Renan. Ao intervalo, era esse o ‘pormenor’ que fazia a diferença, uma vez que Bas Dost não foi além de uma tentativa ao lado (42’).

Ajustar a malha

Tiago Fernandes, com mérito e alguma felicidade, começou a ga- nhar o jogo nas cabinas. Mesmo sem abdicar do 4x4x2, deixou Diaby no balneário, quando era óbvio que o maliano era um a menos em campo, lançou Jovane para a esquerda do ataque, fixou Acuña na direita e aproximou Nani de Bas Dost. O internacio­nal português, numa posição onde tem mostrado serviço, obrigou o Santa Clara a redobrar as preocupaçõ­es defensivas e aumentou a presença dos leões na área. Depois de um disparo de Pineda, o Sporting tomou conta das operações. Aqui residiu, talvez, o principal erro de João Henriques: tardou em reagir ao maior volume de ataque

do Sporting e, quando foi ao banco, já o fez, não por estratégia, obrigado a repor a linha defensiva na sequência da expulsão de Patrick. O lateral-direito não cometeu o penálti sobre Bas Dost (59’) – esse foi de Fábio Cardoso a ‘meias’ com Mamadu – mas entendeu que devia aplaudir o árbitro Manuel Mota, depois de o holandês fazer o 1-1 e, naturalmen­te, foi para a rua. O Santa Clara dava mais um tiro no pé, depois de ter deixado tão boa impressão na primeira parte.

Assalto final

Com Rui Silva no lugar de Zé Manuel, o técnico dos açorianos não baixou os braços e lançou Arroyo, desviando Stephens para a ala direita. Só que a alteração ou a ideia de João Henriques, antes de poder produzir efeitos, foi anulada quase de pronto pelo segundo golo do Sporting. Que surgiu após dois avisos, tirados a papel químico: bolas na área, Bas Dost a chamar atenções e outro leão a aparecer para rematar de cabeça. Jovane (67’) e Nani (69’) ameaçaram, Acuña (75’) teve melhor sorte e colocou o Sporting em vantagem. Os calafrios em tempo de descontos – Rashid (90’+3) ficou muito perto do golo – confirmam que este leão ainda tem muitas fragilidad­es para resolver mas isso será mais fácil com... vitórias. *

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