LEVANTADOS DO CHAO
Um leão em 4x4x2 saiu para o intervalo a perder e sem Battaglia. A atitude na segunda parte mudou e tudo foi diferente depois do penálti
Em ‘escala’ para uma nova realidade, que há de chegar com o novo treinador, o Sporting pósJosé Peseiro garantiu os serviços mínimos na visita ao terreno de um Santa Clara, que teve tanto de personalidade na primeira parte como de desacerto na segunda. E, não, não basta aos açorianos falar de arbitragem para justificar erros próprios, já que a atitude de Patrick, que obrigou a equipa a jogar quase 30 minutos em inferioridade numérica, é inaceitável. Ponto. O Sporting apresentou-se no Estádio de São Miguel com um novo sistema tático, necessariamente sem rotinas, pois José Peseiro jogava em 4x2x3x1 ou 4x3x3 e Tiago Fernandes teve poucos dias para prepa- rar mudanças. Ainda assim, com Montero no banco, o técnico interino lançou Diaby em dupla de ataque com Bas Dost e colocou Bruno Fernandes no apoio a Battaglia, na zona central, entregando as alas a Nani e Acuña. Atrás, a única surpresa foi mesmo a inclusão de Lumor.
O Santa Clara, disposto em 4x3x3, não se incomodou em dar a iniciativa ao adversário mas o jogo, condicionado por um vento forte a ‘favorecer’ o Sporting, saldou-se na primeira meia hora por um remate de Bruno Fernandes, que Marco sacudiu para canto (7’). Até que, já depois de uma picardia desnecessária de Nani com Mamadu, Battaglia lesionou-se com gravidade e teve de ser substituído por Gudelj. Coincidência ou não, o Santa Clara capitalizou o momento: Rashid, com um passe fantástico, descobriu Zé Manuel entre Mathieu e Lumor e o avançado, sem deixar cair a bola, encostou de primeira para o fundo das redes de Renan. Ao intervalo, era esse o ‘pormenor’ que fazia a diferença, uma vez que Bas Dost não foi além de uma tentativa ao lado (42’).
Ajustar a malha
Tiago Fernandes, com mérito e alguma felicidade, começou a ga- nhar o jogo nas cabinas. Mesmo sem abdicar do 4x4x2, deixou Diaby no balneário, quando era óbvio que o maliano era um a menos em campo, lançou Jovane para a esquerda do ataque, fixou Acuña na direita e aproximou Nani de Bas Dost. O internacional português, numa posição onde tem mostrado serviço, obrigou o Santa Clara a redobrar as preocupações defensivas e aumentou a presença dos leões na área. Depois de um disparo de Pineda, o Sporting tomou conta das operações. Aqui residiu, talvez, o principal erro de João Henriques: tardou em reagir ao maior volume de ataque
do Sporting e, quando foi ao banco, já o fez, não por estratégia, obrigado a repor a linha defensiva na sequência da expulsão de Patrick. O lateral-direito não cometeu o penálti sobre Bas Dost (59’) – esse foi de Fábio Cardoso a ‘meias’ com Mamadu – mas entendeu que devia aplaudir o árbitro Manuel Mota, depois de o holandês fazer o 1-1 e, naturalmente, foi para a rua. O Santa Clara dava mais um tiro no pé, depois de ter deixado tão boa impressão na primeira parte.
Assalto final
Com Rui Silva no lugar de Zé Manuel, o técnico dos açorianos não baixou os braços e lançou Arroyo, desviando Stephens para a ala direita. Só que a alteração ou a ideia de João Henriques, antes de poder produzir efeitos, foi anulada quase de pronto pelo segundo golo do Sporting. Que surgiu após dois avisos, tirados a papel químico: bolas na área, Bas Dost a chamar atenções e outro leão a aparecer para rematar de cabeça. Jovane (67’) e Nani (69’) ameaçaram, Acuña (75’) teve melhor sorte e colocou o Sporting em vantagem. Os calafrios em tempo de descontos – Rashid (90’+3) ficou muito perto do golo – confirmam que este leão ainda tem muitas fragilidades para resolver mas isso será mais fácil com... vitórias. *