LUZ PERDE PACHORRA
NOVA VAIA E LENÇOS BRANCOS APÓS EMPATE QUE COMPLICA AINDA MAIS A CHAMPIONS
Tudo
se decidiu no último lance do jogo, no derradeiro dos 4 minutos de compensação dados pelo árbitro: na sequência de um canto, a bola sobrou para Gabriel, em boa posição, enquadrado com a baliza, pronto para fazer o golo com o seu melhor pé (o esquerdo); o remate do brasileiro saiu forte mas Onana defendeu com os pés. O Benfica desperdiçou assim uma vitória que podia alimentar-lhe a esperança de qualificação na Champions, ficando por um empate que praticamente o deixa na Liga Europa. O tribunal da Luz foi cruel ao despedir a equipa com assobios e lenços brancos para Rui Vitória, opção que não se explica de todo pela hora e meia com o Ajax mas pelo conjunto dos últimos resultados. Ontem, em duelo nem sempre bem jogado, com várias nuances táticas que nem sempre lhe foram favoráveis, a águia não teve arte para aproveitar o golo de Jonas. O Benfica só foi a vencer para o intervalo porque Vlachodimos evitou o golo no último momento da primeira parte; aos três minutos do segundo tempo perdeu Salvio e aos 61 minutos sofreu o empate. Com o aproximar do fim do jogo, o empate parecia corresponder ao que se passara em campo. Mas depois veio o milagre de Onana, ao qual se deve creditar a falha de Gabriel, que rematou com o melhor pé, logo numa situação altamente favorável. Na retrospetiva do que sucedeu, talvez a águia merecesse a felicidade da vitória após aquele final dramático.
Problemas encarnados
Ao intervalo, a diferença entre as duas equipas refletia-se no marcador e no método utilizado para atingir os objetivos. À vontade benfiquista de ter a bola e procurar jogá-la (o que foi difícil perante a desinspiração coletiva, que não deu saída à circulação e a tornou atabalhoada) respondeu o Ajax com pressão tremenda sobre o portador da bola e potenciais recetores, que chegou ao ponto de importunar o próprio Vlachodi- mos. Dir-se-á que os holandeses roubaram a ideia ao adversário mas não a aproveitaram para o agredir; não quiseram que o Benfica jogasse mas não deram o passo em frente que se impunha, isto é, ganhar a bola à frente e criar perigo na aproximação à baliza. Daí resultou um jogo difícil para a equipa de Rui Vitória. Quem entrava em ação fazia-o sempre de costas para a baliza, com sérios problemas para dar seguimentos aos lances; o futebol não fluiu e a bola perdeu-se com facilidade, obrigando a transições defensivas heroicas para retificar erros cometidos antes. Falhado o domínio
MINUTO 90+5 A noite e os humores que dela resultaram resumiramse ao lance final. Gabriel tinha a bola pronta para o seu pé esquerdo e a oposição estava atrasada para evitar o tiro. Onana defendeu por instinto e salvou o empate.
das operações, os encarnados foram bafejados pelos ventos da fortuna quando Jonas fez 1-0 na sequência de uma falha de Onana. À passagem da meia hora, o Ajax concluiu por si que o jogo que desenvolvido tinha sido um fracasso: sofrera um golo e, pior do que isso, rematara uma vez à baliza – só no último lance do primeiro tempo aumentou o número para três, no mesmo lance, quando Schöne obrigou Vlachodimos a defesa fantástica e Van de Beek atirou ao lado na recarga.
Milagre de Onana
O segundo tempo foi mais agitado, até porque a eficácia de ambas as formações baixou em função do cansaço. O erro tornou-se mais frequente e, mesmo depois do empate, a noção de perigo passou a ser mais frequente. Rafa dinamizou a ala direita e Grimaldo foi um foguete pela esquerda; o Benfica não se entregou, lutou sempre para chegar ao golo que lhe desse os 3 pontos e, sem ter uma grande oportunidade, desperdiçou situações por má definição do último passe. Nada que se compare ao último lance, no qual Onana fez um milagre e Gabriel desperdiçou a condição de herói. A bola não entrou e toda a gente caiu no chão. Uns a celebrar, outros a lastimar o infortúnio.