“Compreendo a frustração”
O técnico do Benficagostou da“coragem” que aequipamostrou emcampo e abordou as manifestações de desagrado que recebeu no fim, vincando aemoção que as pessoas demonstramquando vão aumestádio de futebol
Otreinadordo Ajaxdisse que o jogo teve duas partes distintas. Concorda?
– Não. Foi muito repartido, com as equipas a saberem o que é que uma poderia dar à outra, como em Amesterdão. Na 2ª parte, o Ajax apareceu um pouco mais à procura da profundidade das nossas costas também depois das duas substituições forçadas, sem ter praticamente qualquer lance de perigo. Tivemos oportunidades e numa fase diferente definiríamos de outra maneira ali. Temos o último lance do jogo e acabaria por estar aqui uma história completamente diferente. Foi um pormenor que acabou por ditar o resultado lá e cá.
–Como se dáavoltaao momento? – Era preciso olhar para este jogo em que era importante ver que tipo de equipa e homens iríamos ter aqui hoje. Fomos uma equipa de grande coragem, determinada e que não se escondeu. Lutou, trabalhou e foi rigorosa. Foi isso que não tivemos no último jogo, esse rigor e concentração que era preciso em alta competição. Tivemo-la hoje. Do ponto de vista objetivo, são quatro jogos sem ganhar e nós não gostamos. Uma equipa como o Benfica naturalmente que não gosta. Há aspetos positivos. Primeiro é preciso ter esta racionalidade. Uma coisa são os resultados e perceber se há ou não indicadores. As competências não se perdem por momentos ou circunstâncias. Há fases menos boas mas elas vão aparecer. – Os adeptos estão com a equipa mas não como treinador?
– Não quero entrar por aí. Estarmos agora a discutir este tipo de coisas não é a minha forma de pensar. O que mais me importa a mim é o futuro da equipa do Benfica. Compreendo perfeitamente a manifestação. Isto é um desporto de emo- ções. As pessoas são muito mais emotivas do que racionais. Faz parte. As pessoas não vêm para aqui para pensar. Vêm ver este aspeto do jogo e para querer ganhar. Compreendo a frustração das pessoas. Quem preparou o jogo como nós, quem vê a frustração na cara dos jogadores também fica muito frustrado. Outra coisa é pensarmos com racionalidade. Vamos ganhar e estar prontos para aquilo que aí vem. A mensagem prática do jogo agradou-me e aos jogadores. Não ganhámos e o resultado é que fica. Ninguém se vai lembrar do minuto 90’+2 lá e do 90’+4 aqui. Seria tudo ao contrário. É preciso ter a racionalidade para ver o jogo que fizemos, que foi um jogo muito competente, sério e competitivo. *