MAIS DO QUE UMA FINAL
Desde que River Plate e Boca Juniors se qualificaram para a final da Libertadores, Buenos Aires e toda a Argentina vivem uma tensão inédita. Nas ruas, nos bares e nos mercados, o tema de conversa já não é a crise económica que afeta ao país, porque por esta altura todos falam dos clássicos, o primeiro já amanhã no La Bombonera. O medo supera o entusiasmo, já que, na Argentina, a derrota sente-se como se se tratasse de uma morte.
Um Boca-River sempre foi muito especial . Prova disso é que, para muitos, é o maior clássico do Mundo. Ainda que o River tivesse ganho no La Bombonera, para o campeonato, o Boca é muito experiente nas competições internacionais. Prova disso é que já conquistou seis Libertadores e tem a obsessão de conseguir a sétima e igualar o Independiente como recordista do troféu. No entanto, sabe que, nos últimos anos, o River tem dominado. Facundo Quiroga, exSporting, contou a Record como viveu estes jogos com a camisola do River Plate, entre 2008 e 2010. “É algo totalmente atípico. O River-Boca ultrapassa tudo em termos anímicos, independentemente se uma equipa chega bem ou mal ao jogo. E na semana que antecede o jogo vive-se com muita ansiedade”, comentou o defesa que atuou pelos leões entre 1998 e 2000. “Está a gerar-se uma bola de neve em termos de sensações. Isto ultrapassa até a atualidade política do país. E isso dá conta da grandeza que tem este clássico, talvez por ser uma final inédita na Taça Libertadores”, agregou. Jonathan Silva, também exSporting, mas que disputou os clássicos com a camisola do Boca Juniors, vincou: “É algo incrível jogar um superclássico Boca-River. Tenho lembranças que vão ficar para sempre. E estes clássicos serão mais importantes, já que quem ganhar a taça será o rei da América, superando o rival de toda a vida.”
“SENTE-SE ANSIEDADE, ADRENALINA, TUDO MISTURADO. QUEM GANHAR A TAÇA SERÁ O REI DA AMÉRICA, SUPERANDO O RIVAL DE TODA A VIDA” “É ALGO ATÍPICO. ULTRAPASSA ATÉ A ATUALIDADE POLÍTICA. QUEM VENCER FICA COM A GLÓRIA E QUEM PERDER TERÁ DE SOFRER AS PIADAS DURANTE MUITOS ANOS AMBOS VESTIRAM A CAMISOLA DO SPORTING MAS AMANHÃ, NA 1ª MÃO DA FINAL INÉDITA, SERÃO MAIS DOIS ADEPTOS RIVAIS
“Sente-se ansiedade, adrenalina, tudo misturado. Coisas que apenas se sentem num jogo deste nível. Sou afortunado por ter jogado o clássico e só quero que sábado chegue depressa”, acrescentou o lateral do Leganés. “Quem vencer fica com a glória e quem perder terá de sofrer as piadas durante muitos anos”, insiste Quiroga. “Não há precedente de algo semelhante. Aliás, no país estamos num momento social de euforia e todos precisam que o seu clube ganhe.”
Benfica-Sporting Jonathan Silva preferiu não comparar o Boca-River a um BenficaSporting, mas Quiroga apontou algumas semelhanças e diferenças: “Vive-se uma tensão e responsabilidade semelhante, mas os adeptos vivem de modo distinto. Na Argentina é uma população dividida por duas cores. Joguei na Europa clássicos importantes, mas nenhum como o River-Boca.” *