Record (Portugal)

“Foi um erro que pode ter saído caro”

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Ser um exemplo. Miguel Herlein fez questão de passar esta mensagem durante a reportagem. “Quando tens 19 anos aparecem muitas pessoas a abordar-te e surgem contratos em cima da mesa. É preciso estar atento, ter alguém que te ajude e eu não tive. Eu quero ajudar os outros”, assume. Com essa idade, treinava na equipa principal do Benfica. “Dava uma motivação extra estar com Aimar, Saviola, Javi García, Cardozo, Salvio... Jorge Jesus era um treinador muito exigente, se eu falhasse um passe levava logo nas orelhas. Isso faz crescer um jogador”, recorda. Depois, Miguel Herlein tomou uma decisão que ainda hoje não sabe se foi a mais acertada: mudou-se para Chipre. “Era difícil chegar à equipa principal do Benfica, a minha geração era muito forte, tinha jogadores como Ivan

“QUANDO SAÍDO BENFICA PENSEI MAIS NO DINHEIRO DO QUE NA PARTE DESPORTIVA. SE TIVESSE FICADO EM PORTUGAL...”

Cavaleiro, Bernardo Silva e André Gomes, entre outros. Um dos meus erros, quando saí do Benfica, foi pensar mais no dinheiro do que na parte desportiva. Foi um erro que pode ter saído caro na minha carreira. Tinha propostas em Portugal e se tivesse ficado a minha carreira poderia ter seguido outro rumo”, atira. O estrangeir­o passou a ser uma constante, de país em país. Com aspetos positivos e também negativos. “Joguei com Robert Pires e fui treinado pelo Zico na Ín- dia; Raúl e Marcos Senna foram meus colegas no New York Cosmos. Viver em Nova Iorque foi fantástico. Estive no Civitanove­se, de Itália, mas o presidente foi preso e fiquei sem receber salários”, adianta ainda.

No dia em que conversou com Record, Miguel Herlein tinha treino no Charneca da Caparica às 21 horas. Mas o futebol dentro de campo, aquele em que calça as chuteiras, tem os dias contados. “Enquanto for possível mantenho o ‘bichinho’, mas chegará a altura em que não vou conseguir conciliar tudo. “Depois de ter começado a trabalhar na ProEleven recebi convites, do Campeonato de Portugal e do estrangeir­o, e podia estar a jogar”, confessa o futuro... ex-jogador. A bola deixa de estar no pé, o bloco de notas e o telemóvel estão sempre à mão. O futebol continua a estar à frente dos olhos mas em diferentes ângulos. “Agora tenho de ver se o jogador se enquadra num determinad­o tipo de mercado. Se vejo um jogador baixo mas o mercado está a pedir-me um jogador alto... O scouting exige uma informação mais detalhada e observação ao vivo é melhor”, explica. Passa dos relvados para as bancadas... mas feliz. *

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ÁGUIA. Miguel Herlein jogou no Benfica dos 11 aos 19 anos

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