FLUVIAL PORTUENSE
O clube mais antigo do Porto, que foi apelidado de ‘Real’ pelo rei D. Luís I, festejou 142 anos
Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta’. Foram estes os epítetos que o Porto foi colecionando ao longo da sua história e alguns deles confundem-se com a coletividade desportiva mais antiga da cidade, o Clube Fluvial Portuense. Acabado de festejar o 142º aniversário, o Fluvial, fundado a 4 de novembro de 1876, antigo como se percebe, orgulha-se também da sua... ‘nobreza’.
“O título de ‘Real’ foi-nos concedido pelo rei D. Luís I após uma regata realizada em Cascais, em 1881. Fomos convidados a participar e ninguém esperava que vencêssemos, mas vencemos. Após a regata houve um baile de gala, mas não fomos convidados e voltámos para o Porto. O rei apercebeu-se da situação, aquilo criou um malestar e decidiu então apelidar-nos de Real Clube Fluvial Portuense, ‘a posteriori’”, afirma Manuel António, diretor e responsável da secção de remo de um clube que tem também as modalidades de polo aquático, natação e natação artística, praticadas por cerca de 500 atletas entre seniores e formação. No que ao remo diz respeito, modalidade fundadora do clube juntamente com a natação e a vela, o posto náutico do Fluvial, situado na zona ribeirinha de Gaia, tem a companhia diária de um dos marcos da Invicta, que serve de lembrança sobre a longevidade do clube. “É curioso, não é? Vemos a ponte com o nome do rei todos os dias! Sabe por que se chama ponte Luís I e não D. Luís I? Porque ele faltou à inauguração! E como sabemos, o pessoal do Norte não perdoa... É o que se diz”, contanos o responsável, que, ainda assim, reconhece a necessidade de a direção “trabalhar a cultura do clube, especialmente com os mais jovens”. Para ajudar na missão, o Fluvial conta somar ao seu património, que contempla já as pisci- nas de Lordelo do Ouro e o posto náutico, “um museu nos próximos tempos”, no qual poderá “mostrar às pessoas a documentação guardada em caixotes há anos”. Alguma dessa história foi feita também por Manuel António e mais três companheiros, em Atlanta (EUA), corria o ano de 1996, quando “pela primeira vez o remo português marcou presença em Jogos Olímpicos sem ser por ‘wild card’”, em shell de 4 sem timoneiro. “Conseguimos os mínimos e fomos por apuramento direto. Foi muito difícil. Foram dois anos de preparação muito complicados, mas no fim o sentimento foi muito agradável”, relembra.
Satisfeito por o Fluvial estar agora “bem encaminhado”, com as suas “dívidas praticamente pagas”, depois de ter estado “quase para fechar”, o diretor voltou ao tema olímpico quando o questionámos por que razão a canoagem tem obtido melhores resultados internacionais do que o remo. “Vai doer o que vou dizer, mas é a minha visão. Não é por falta de capacidade dos atletas, é por inércia da Federação Portuguesa de Remo. Estivemos em Pequim e em Londres com o Pedro Fraga e o Nuno Mendes, que nem são atletas nossos, mas ninguém os ajudou a chegarem ao Rio de Janeiro. E assim continua. Em contraponto, pelo que vejo e sei, a Federação Portuguesa de Canoagem trabalhou muito bem, preparou e trabalhou efetivamente um projeto, com condições e atletas. Os clubes de remo estão apetrechados, têm bons atletas, mas a Federação não acompanha. Não há um projeto olímpico a quatro anos que seja trabalhado com toda a dedicação. Há cinco anos que esta Federação está ao comando e só foi ao Campeonato do Mundo no ano passado”, concluiu quem, dentro de portas, pôde festejar na última época os títulos nacionais de shell de 8 com timoneiro em seniores masculinos e quadri-scull masculino e double-scull feminino, estes últimos na categoria de juniores. *
ENTRE TODAS AS MODALIDADES, NAS QUAIS SE INCLUEM POLO AQUÁTICO, NATAÇÃO E NATAÇÃO ARTÍSTICA, CONTA 500 ATLETAS