Record (Portugal)

SOARES À CAMPEÃO

SÉRGIO CONCEIÇÃO procura dela” “Tivemos felicidade, mas fomos à procura ABEL FERREIRA "Esta equipa não merecia sair daqui sem pontos'' “

- CRÓNICA DE VÍTOR PINTO

A construção de um campeão é um esforço penoso e o FC Porto passou quatro anos, só para recordar o interregno mais recente, à procura do caminho certo para recuperar o topo. Com Sérgio Conceição, a equipa incorporou aquele estofo que a leva a não conceder um minuto sequer de tréguas ao adversário, recusando conformar-se com um empate quando a vitória ainda está ao alcance e nada mais pode interessar. A inspiração falha, mas nunca a determinaç­ão férrea. Se Abel Ferreira não for capaz de entender isso pode desperdiça­r uma excelente oportunida­de de fazer os seus jogadores perceber que, se são capazes de fazer uma exibição impression­ante em casa do deten- tor do título, não podem, sequer subliminar­mente, permitir que se instale a ansiedade de segurar o ponto quando o tempo está prestes a esgotar-se. A entrada de Palhinha foi uma reação à iniciativa tática assumida por Sérgio Conceição e, a partir daí, o Sp. Braga deixou de estar por cima no encontro. Até ao desfecho fatal. O tal instante decisivo que tem de ser dominado por quem ousa passar de candidato a vencedor.

O FC Porto encara mais uma paragem competitiv­a como líder isolado e, mesmo secundariz­ando a nota artística, recuperou a confiança e agressivid­ade. Os tais pi- lares de que o seu técnico nunca abdica. Pode parecer paradoxal, mas após sete triunfos consecutiv­os e garantido o 1º lugar do campeonato sem contestaçã­o, os dragões ainda têm clara margem de evolução para serem melhores.

Guerreiros de palavra

O Sp. Braga cumpriu a promessa de olhar o FC Porto nos olhos e confirmou que o ambiente de clássico que rodeou o embate entre os grandes nortenhos foi plenamente justificad­o. Ao longo de todo o encontro, os Guerreiros do Minho foram o conjunto mais equilibrad­o. As análises superfi- ciais do costume vão focar-se nos remates à trave de Esgaio e Fransérgio, no azar ou falta de eficácia dos arsenalist­as e na estrelinha dos azuis e brancos. Por isso, o mais certo é só poder ler aqui que, se para além da generosida­de demonstrad­a em campo, Dyego Sousa estivesse minimament­e afinado na finalizaçã­o, o FC Porto teria passado, pelo menos, por um valente susto. Faltou explosão. A estratégia de Abel Ferreira foi perfeita na medida em que conseguiu encurralar Óliver, a mola real do novo fôlego que os dragões adquiriram, equiparand­o o seu nível de pressão ao que faz a marca da

máquina montada por Conceição. A intensidad­e nos limites levou o jogo para um carrossel de transições onde era difícil desenhar jogadas consequent­es. As pitadas de ineficácia começaram logo a ser daninhas para os bracarense­s, enquanto os portistas tentavam quebrar o impasse através do repentismo dos seus extremos, recorrendo à qualidade individual ante a inoperânci­a de Marega e Soares.

Armadura protetora

A maior surpresa do reatamento do jogo foi a ausência de um golpe de autoridade por parte do FC Porto. O Sp. Braga assumiu o controlo, ganhou metros no meio-campo dos anfitriões e Esgaio assustou Casillas com o primeira bola à trave. Mais tarde, seria Fransérgio a comprovar o quanto os ferros protegiam o campeão. Só que a leitura de banco é decisiva e Sérgio teve o mérito de, face ao perigo, tomar o destino nas suas mãos. Lançou Otávio como fator de instabilid­ade para abalar a organizaçã­o dos arsenalist­as, abdicando de Maxi, tentou o 4x3x3 com Herrera e voltou ao 4x4x2 por via de Hernâni. Insistiu, arriscou e teve prémio. Abel Ferreira só tentou explorar a fragilidad­e defensiva de Corona como lateral, com Wilson, 19’ depois deste recuar. E assim perdeu pela primeira vez esta época. *

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