SOARES À CAMPEÃO
SÉRGIO CONCEIÇÃO procura dela” “Tivemos felicidade, mas fomos à procura ABEL FERREIRA "Esta equipa não merecia sair daqui sem pontos'' “
A construção de um campeão é um esforço penoso e o FC Porto passou quatro anos, só para recordar o interregno mais recente, à procura do caminho certo para recuperar o topo. Com Sérgio Conceição, a equipa incorporou aquele estofo que a leva a não conceder um minuto sequer de tréguas ao adversário, recusando conformar-se com um empate quando a vitória ainda está ao alcance e nada mais pode interessar. A inspiração falha, mas nunca a determinação férrea. Se Abel Ferreira não for capaz de entender isso pode desperdiçar uma excelente oportunidade de fazer os seus jogadores perceber que, se são capazes de fazer uma exibição impressionante em casa do deten- tor do título, não podem, sequer subliminarmente, permitir que se instale a ansiedade de segurar o ponto quando o tempo está prestes a esgotar-se. A entrada de Palhinha foi uma reação à iniciativa tática assumida por Sérgio Conceição e, a partir daí, o Sp. Braga deixou de estar por cima no encontro. Até ao desfecho fatal. O tal instante decisivo que tem de ser dominado por quem ousa passar de candidato a vencedor.
O FC Porto encara mais uma paragem competitiva como líder isolado e, mesmo secundarizando a nota artística, recuperou a confiança e agressividade. Os tais pi- lares de que o seu técnico nunca abdica. Pode parecer paradoxal, mas após sete triunfos consecutivos e garantido o 1º lugar do campeonato sem contestação, os dragões ainda têm clara margem de evolução para serem melhores.
Guerreiros de palavra
O Sp. Braga cumpriu a promessa de olhar o FC Porto nos olhos e confirmou que o ambiente de clássico que rodeou o embate entre os grandes nortenhos foi plenamente justificado. Ao longo de todo o encontro, os Guerreiros do Minho foram o conjunto mais equilibrado. As análises superfi- ciais do costume vão focar-se nos remates à trave de Esgaio e Fransérgio, no azar ou falta de eficácia dos arsenalistas e na estrelinha dos azuis e brancos. Por isso, o mais certo é só poder ler aqui que, se para além da generosidade demonstrada em campo, Dyego Sousa estivesse minimamente afinado na finalização, o FC Porto teria passado, pelo menos, por um valente susto. Faltou explosão. A estratégia de Abel Ferreira foi perfeita na medida em que conseguiu encurralar Óliver, a mola real do novo fôlego que os dragões adquiriram, equiparando o seu nível de pressão ao que faz a marca da
máquina montada por Conceição. A intensidade nos limites levou o jogo para um carrossel de transições onde era difícil desenhar jogadas consequentes. As pitadas de ineficácia começaram logo a ser daninhas para os bracarenses, enquanto os portistas tentavam quebrar o impasse através do repentismo dos seus extremos, recorrendo à qualidade individual ante a inoperância de Marega e Soares.
Armadura protetora
A maior surpresa do reatamento do jogo foi a ausência de um golpe de autoridade por parte do FC Porto. O Sp. Braga assumiu o controlo, ganhou metros no meio-campo dos anfitriões e Esgaio assustou Casillas com o primeira bola à trave. Mais tarde, seria Fransérgio a comprovar o quanto os ferros protegiam o campeão. Só que a leitura de banco é decisiva e Sérgio teve o mérito de, face ao perigo, tomar o destino nas suas mãos. Lançou Otávio como fator de instabilidade para abalar a organização dos arsenalistas, abdicando de Maxi, tentou o 4x3x3 com Herrera e voltou ao 4x4x2 por via de Hernâni. Insistiu, arriscou e teve prémio. Abel Ferreira só tentou explorar a fragilidade defensiva de Corona como lateral, com Wilson, 19’ depois deste recuar. E assim perdeu pela primeira vez esta época. *