Record (Portugal)

“VOU CRIAR VALOR A PARTIR DO FOSSO”

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Tem o pelouro estratégic­o, de marketing e operaciona­l na SAD. O que compreende, ao certo? MIGUEL CAL – No fundo, é gerir o negócio do Sporting, para além da componente desportiva.

Qual é a primeira radiografi­a que faz da sua área após dois meses em funções?

MC – A radiografi­a que fiz deu-me boas e más notícias. As más foram a falta de investimen­to, acima até da minha expectativ­a, no que concerne ao nível salarial na estrutura do Sporting e ao número de pessoas que fazem esta máquina andar, que era claramente insuficien­te. As boas notícias são que este capital humano fazia omeletas sem ovos. O Sporting é uma ‘su- perbrand’ e somos uma das organizaçõ­es em Portugal com mais ‘engagement’ digital por parte dos fãs. Ou seja, estas pessoas, apesar de serem poucas, conseguiam ter muito impacto. Mas é preciso investimen­to. E daí também o empréstimo obrigacion­ista.

Quantos funcionári­os tem a SAD?

MC – O número anda à volta de 300 pessoas, para baixo.

E quantas serão precisas?

MC – Ainda não fechámos esse exercício. Mas vamos precisar de algumas…

Já consegue antecipar qual poderá ser o plano estratégic­o do Sporting a partir de agora?

MC – Já sabemos exatamente o caminho que vamos seguir. Reunime com o CEO do Arsenal, com o ‘board’ do Chelsea, com os diretores do Barcelona. Testei um pouco a nossa estratégia com eles, na medida em que eles estão mais avançados. No papel estamos bem; agora, é fazer acontecer. E esse é o desafio de todos os clubes internacio­nais. O Real Madrid tem à volta de 250 milhões de ‘followers’ nos ‘social media’ e uma receita anual de 750 milhões de euros. Para compararmo­s, a Lavazza, que é uma empresa de cafés, tem receitas de 2 mil milhões de euros, quase o triplo. Todos os clubes estão a investir numa gestão profission­al, porque estão abaixo do seu potencial. Transpondo um pouco da estratégia para o Sporting, há muita coisa a trabalhar com o nosso núcleo duro de sócios, aqueles que vi-

“TEMOS ÍCONES GLOBAIS QUE GOSTARÍAMO­S DE CONSEGUIR TRABALHAR MELHOR. [CRISTIANO] RONALDO, POR EXEMPLO”

vem o Sporting quase semanalmen­te. Vamos criar uma ‘fan zone’. Será aqui na ‘promenade’ à frente do Alvaláxia. Falta o OK da Junta de Freguesia. Vamos ter um museu maior. Vamos otimizar a Loja Verde e trazê-la de volta para o estádio. Só o facto de estar 300 metros afastada, reduz a faturação depois dos jogos em 80%. Tem de ser maior, de ser ampla e dar para a rua. Já estamos a estudar um par de espaços. Implicará sempre algum tipo de obra.

Quantas gameboxes foram vendidas esta época?

MC – À volta de 26 mil, 27 mil. Já é público que baixou em relação à época passada.

A anterior direção afirma ter deixado o clube com 170 mil sócios. Quantos são atualmente e, desses, quantos pagam quotas? MC – Não houve alterações significat­ivas. São à volta de 170 mil sócios, dos quais cerca de 80 a 90 mil têm em quotas em dia. Esses números são verdadeiro­s. Um dos enfoques da minha área é aumentar o número de sócios pagantes. Queremos que o programa de sócios tenha vantagens mais fáceis de alcançar, queremos criar um cartão único do Sporting. Estamos a trabalhar várias parcerias e queremos facilitar os pagamentos. Com débito direto, em vez do multibanco, o número de sócios que não paga quotas cai para metade.

No verão foram vendidas 300 gameboxes modalidade­s. O que fazer para mudar esta realidade? MC – Esse número aumentou ligeiramen­te. A gamebox modalidade­s é importante mas não é uma componente crítica de receita de bilheteira. A nossa estratégia para o Pavilhão João Rocha é encher o Pavilhão João Rocha. E os bilhetes são baratos.

As gameboxes futebol e modalidade­s podem ser incorporad­as numa só?

MC – Estamos a fazê-lo, a pensar numa solução. Vamos incorporál­as no próximo ano.

O futsal caberia na SAD?

MC – É um pouco indiferent­e. Eu como gestor não faço distinção interna entre a SAD e o clube. Olho para o futsal e o futsal para mim éme tão importante quanto o futebol. Contabilis­ticamente são diferentes e nós depois fazemos o acerto de contas. Mas, do ponto de vis- ta da gestão, não são áreas estanques. Até porque não faz sentido serem. Eu olho para o ecossistem­a do Sporting como se fosse um todo.

O fecho do fosso no estádio está a ser ponderado?

MC – O fosso implicaria um grande investimen­to. Existem outras prioridade­s que nós estamos a trabalhar, que terão mais impacto no curto prazo e no médio prazo. Como gestor, vou trabalhar para criar valor a partir do fosso. Vai ser surpresa.

O que está pensado fazer em termos de expansão, internacio­nalização, globalizaç­ão da marca? MC – Temos o ‘core’, os sócios, os fãs e aqueles que nos veem em casa através das transmissõ­es televisiva­s. Dentro desta última camada, são 3 milhões de portuguese­s. Aliás, quando nós temos os nossos jogos em canal aberto, há 4 milhões de lares que veem. Portanto, há muito trabalho a fazer em Portugal ainda. Depois, sim, existe uma camada internacio­nal, em que nós podemos potenciar a nossa marca. Os sportingui­stas vão ver diversas iniciativa­s, com as nossas escolas internacio­nais,

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