“Dou-me ao luxo de seguir uma paixão”
Poderá estar mais exposto à avaliação dos sócios pelo facto de ser o único administrador indicado pelo Sporting não eleito?
MC – Penso que não. Mas até gosto desta situação, porque assim estou dependente apenas do meu trabalho. Se não atingir a expectativa, estão à vontade para me mandar embora. Sou a pessoa com menor grau de segurança aqui, mas vivo confortavelmente com isso.
Chegou a ser convidado para fazer parte dos órgãos sociais? MC – Fui abordado por várias listas mas nunca fui convidado.
É licenciado em Gestão e vem da área da consultoria. O que o liga ao desporto e ao futebol?
MC – A minha empresa [McKinsey] trabalhou com vários clubes. Não colaborei nesses projetos mas estávamos próximos porque todos gostávamos de futebol. Estive sempre mais ligado à banca.
Costumava ir a Alvalade?
MC – Sim.
E foi a assembleias gerais?
MC – Já fui a várias. Agora será com outro perfil.
Por que não tem ações da SAD? MC – Não me vejo como acionista porque, para mim, o clube deve ser o dono da SAD. Prefiro participar através do clube. Mas subscrevi o empréstimo obrigacionista, porque, aí sim, penso que estou a ajudar o clube e a SAD.
É administrador mas foi apontado como CEO. Está mais próximo de que competências?
MC – Um CEO da SAD nem sequer existe. Mas se há uma figura de CEO do Grupo Sporting CP, essa pessoa é o Frederico Varandas, porque tem o pelouro mais importante, o desportivo. Eu tenho o comercial e operacional, o Francisco Zenha o financeiro e o João Sampaio o jurídico. Temos autonomia e colaboramos muito entre nós para que toda a máquina funcione.
Perdeu dinheiro profissionalmente para aceitar este convite? MC – Essa informação será pública, o Frederico [Varandas] fez um
“NÃO VENHO GANHAR MAIS DINHEIRO DO QUE GANHAVA. ISTO FOI UMA SURPRESA. MAS NÃO PRECISO DE NADA”
compromisso nesse sentido. Eu não venho ganhar mais dinheiro do que ganhava. Felizmente, tenho capacidade para fazer o que quiser do meu projeto profissional. Isto foi uma surpresa. Mas não preciso de nada. Aliás, cada ano que eu passe aqui perco consideravelmente mais dinheiro do que se estivesse noutro sítio. Mas sigo uma paixão. E dou-me ao luxo de poder seguir a minha paixão sem ter problemas financeiros.
Sabe-se que o Sporting está com dificuldades…
MC – … Mas não sou só eu. Estou a contratar um diretor de marketing. O Sporting não tem capacidade para pagar o valor de mercado. Ninguém vai abdicar de tanto quanto eu. O que digo às pessoas é que vai ser menos, mas é uma paixão. Na medida em que formos criando valor, queremos retificar. *