DESPORT O COM HIST ÓRIA
Convidada para o Torneio de Futebol dos Jogos Olímpicos de Amesterdão, uma espécie de Campeonato do Mundo, a Seleção Nacional participou pela primeira vez numa competição internacional em 1928. No momento em que realiza os últimos jogos de 2018, na fase de grupos da Liga das Nações – a mais recente ‘invenção’ da UEFA –, pontuamos o ‘pecado original’ da equipa das quinas e as nove décadas da efeméride, recuperando os primeiros grandes heróis da Seleção. A 21 de maio de 1928, a comitiva partiu da estação do Rossio rumo a Paris, via Sud Express, com ligação posterior até Amesterdão e ao Hotel Holanda, demorando no trajeto... 39 horas! Ribeiro dos Reis e Salazar Carreira chefiavam uma comitiva que apresentava o ‘Mestre’ Cândido de Oliveira
EQUIPA ERA COMANDADA POR CÂNDIDO DE OLIVEIRA, BATENDO O CHILE E A JUGOSLÁVIA ANTES DE TOMBAR DIANTE DO EGITO
como selecionador (com Ricardo Ornelas) e levava na bagagem uma ténue esperança de sucesso no torneio, fruto da ainda reduzida experiência internacional. Pode dizer-se que, durante o torneio, a Seleção não foi em grandes cantigas, mas na viagem levou quem as produzisse. Na comitiva, à guitarra do ‘luvas pretas’ Carlos Alves (o avô de João Alves) e ao fado de Raul Figueiredo (um fado que em Amesterdão não se queria ‘corrido’), juntou-se o canto da renomada atriz Laura Costa, convidada especial da Seleção Nacional. Mal comparado, seria como se, atualmente, a fadista Mariza, por exemplo, viesse a ser convocada para integrar uma comitiva da turma das quinas numa grande competição. Em qualquer caso, não faltaria (en)canto! Vista inicialmente com des- confiança pelos portugueses – até então, Portugal nunca vencera no estrangeiro –, a participação nacional, depois de duas vitórias nos dois primeiros jogos (contra o Chile e a Jugoslávia), acabou em apoteose, não ficando manchada pela derrota com os egípcios. Os portugueses deram música a caminho de Amesterdão, mas não levaram baile, exceção feita à dança do ventre dos egípcios – que foi para os portugueses um murro no... estômago – e dançaram com o povo num regresso triunfal. Em fase de grandes transformações em Portugal, na Europa e no Mundo – e num registo belicista comum naquele período entre guerras – não faltaram referências mais patrióticas ao desiderato daqueles heróis de calções. Ascendiam a representantes da ‘alma portuguesa’ que fez ganhar batalhas e triunfar no desporto, em síntese, “a alma de uma raça imorredoira!” como se escrevia, após a despedida da competição. A nota patriótica subia de tom e afirmava-se que a