CARLOS KAISER UM ‘MALANDRO’ QUE É UMA LENDA
a saltar a vedação para agredir adeptos, sendo por isso expulso, evitando assim a estreia –, de forma a que não se apercebessem da sua falta de qualidade futebolística, que contrastava naturalmente com o discurso conquistador. É que Kaiser sabia ‘vender-se’ bem, contando mesmo com a ajuda de amigos jornalistas para divulgar os seus ‘feitos’, numa altura em que as tecnologias não permitiam aceder à informação como agora. São essas as histórias contadas no filme, com depoimentos de verdadeiros craques como Bebeto, Renato Gaúcho, Ricardo Rocha (ex-Sporting), Zico, Júnior ou Carlos Alberto Torres - este último foi capitão da seleção canarinha campeã mundial em 1970 e é a ele que é dedicado o documentário depois de ter morrido em 2016, durante a produção do filme -, que conviveram com ele. É que, mesmo sem jogar, Kaiser foi fazendo amizades com os profissionais da modalidade e aproveitava para frequentar os mesmos ambientes, aproveitando-se disso. E divertindo os companheiros de ocasião, nunca deixou de estar nas boas graças deles - só Zico se mostra algo crítico, afirmando que Kaiser “é um atentado contra a profissão” de jogador de futebol. “Os clubes enrolam tanta gente que alguém tinha de enrolar os clubes. Ou você é malandro ou você é otário”, lembra, no entanto, o antigo ‘avançado’ sobre os seus feitos.
Rei... fora de campo
A estratégia passava por assinar contratos curtos (de alguns meses) com o argumento que precisava de melhorar a forma, recebia as chamadas ‘luvas’, limitando-se depois a fazer tudo para não se treinar (e muito menos jogar), alegando uma qualquer lesão. Enquanto isso, integrava-se no meio dos restantes jogadores e fazia sucesso. Sobretudo na noite - às vezes fazendo-se passar por Renato Gaúcho – e entre as mulheres. Uma história irrepetível... *