“Renato Gaúcho é tudo para mim”
O documentário não deixa margem para dúvidas: Carlos Kaiser enganou meio Mundo e ele assume-o. Contactado por Record, o próprio considera o resultado final do filme “surpreendente e surreal”, lembrando “um segredo fechado a sete chaves” que agora ficou desmascarado. Isto porque no documentário se confirma que o brasileiro nunca esteve no Gazélec Ajaccio, um facto que custou muito a Kaiser assumir. “Estou arrependido das coisas que fiz, pois deveria ter levado a minha carreira a sério”, admite alguém que até teria alguma capacidade para jogar mas preferia aproveitar a vida que o mundo do futebol lhe proporcionava. Sublinhando a amizade com craques como Romário ou Bebeto – sem esquecer Ricardo Rocha ou Valtinho, dois ex-sportinguistas que jogaram com ele –, Kaiser destaca acima de todos a importância de Renato Gaúcho, que sempre o ajudou. “O Carlos Henrique é uma pessoa, o Carlos Kaiser é uma personagem. Só existe por causa de Renato Gaúcho”, revela no filme, onde se percebe que as semelhanças físicas com o agora treinador do Grémio lhe abriram muitas portas. “Renato é tudo para mim. É mais importante do que a minha própria mãe”, garante, sublinhando: “Podem falar com 60 ou 70 antigos jogadores, que ninguém fala mal de mim. Deve ser por alguma coisa.”
À espera de transplante
CARLOS ADMITE QUE A SUA HISTÓRIA É “SURPREENDENTE E SURREAL”, MAS LEMBRA QUE “NINGUÉM FALA MAL” DELE
Além das aventuras no futebol – a maior parte delas bem divertidas –, a vida criou-lhe também muitas dificuldades. Foi adotado após ser ‘roubado’ em criança, diz ter ficado três vezes viúvo, viu também morrer um filho e procura refazer-se agora como personal trainer num ginásio carioca onde treina mulheres bodybuilders. Isto com graves problemas de visão que o deixaram quase cego. “Estou à espera de um transplante de córnea”, revela, não escondendo o entusiasmo com o sucesso do filme e com a sua nova carreira. *