“Temos de criar ciclo virtuoso”
MIGUEL CAL ADMINISTRADOR DA SAD
Em pleno período de subscrição do empréstimo obrigacionista, mediante umquadro de aperto financeiro, o Sporting tem condições para investir no futebol? MIGUEL CAL – Estamos a desenvolver uma estrutura profissional e a pensar no longo prazo, quer no futebol, quer no resto da gestão. Vamos fazer melhor e não necessitaremos de tanto. Porquê? Porque existe um plano muito concreto, em termos de valências e pessoas, e eu acredito que teremos o melhor impacte tanto na parte desportiva como na componente organizativa, o que vai gerar criação de valor, experiência para os adeptos e receita relacionada com todo o negócio dentro do Sporting.
Fazer melhor não investindo tanto…
MC – Não sendo necessário investir tanto. Quando se é mais eficiente, faz-se melhor.
Foi esse o sinal que quiseram dar ao contratar Marcel Keizer? MC – O que eu posso dizer, porque acompanhei, foi que o ‘due dili-
“O SUCESSO DESPORTIVO É UM CATALISADOR. GANHAR VAI AJUDAR, MAS EU NÃO POSSO CONTAR COM ISSO PARA GERIR”
gence’ feito por parte do Frederico Varandas foi fantástico. Acredito plenamente na escolha feita.
Voltando à primeira questão, o Sporting tem margem para contratar jogadores em janeiro?
MC – Essa questão tem de ser colocada um pouco mais à frente. Nós agora estamos num processo de empréstimo obrigacionista, que é muito relevante. Temos de ver como corre, até ao fim. Depois teremos uma conversa com os bancos. Existem muitas partes móveis a acontecer ao mesmo tempo.
O sucesso do empréstimo obrigacionista é assim tão decisivo para esta época?
MC –O empréstimo obrigacionista é a primeira alavanca que estamos a utilizar para sairmos um pouco daquela pressão financeira em que toda a gente sabe que o Sporting está. Dentro desta componente estratégica, obviamente é muito relevante para o que vai acontecer para a frente.
Pode determinar se o Sporting vai ter condições para investir mais no futebol?
MC – Tudo o que for folga financei- ra vai ajudar-nos. O montante para investir em jogadores em janeiro depende de muita coisa. O que nós estamos aqui a falar é que é preciso criar uma dinâmica que nos permita estar mais à vontade e confiantes, para depois investirmos não só no futebol mas também na estrutura de gestão.
É possível criar valor se não houver sucesso desportivo? MC – Idealmente, temos de criar um ciclo virtuoso. O sucesso desportivo, como eu costumo dizer, é um catalisador. Não podemos ficar parados. Temos de gerir e preparar o futuro, para não estarmos dependentes quase só de se a bola entra ou não entra. O Arsenal não é campeão desde 2004 e não é por isso que eles não são um dos clubes mais ricos do Mundo. Pensar que se não ganharmos não acontece nada, é uma falácia. Portanto, é possível, desde que haja uma gestão profissional, a todos os níveis. Ganhar vai ajudar, mas eu não posso contar com isso para gerir.
O Sporting está condenado a ser formador/vendedor?
MC – Não podemos pensar em ter as superestrelas, os Cristianos Ronaldos desta vida, até aos 25 anos; é insustentável. Depois existe uma camada intermédia, de jogadores muito bons que podem ficar mais tempo. E há outros que até podem fazer a carreira toda no Sporting. Mas temos de estar protegidos e gerir as expectativas dos miúdos desde os 16 anos. Com uma estratégia clara, não há surpresas. E assim o Sporting poderá potenciar mais a formação. *