Record (Portugal)

“Temos de criar ciclo virtuoso”

MIGUEL CAL ADMINISTRA­DOR DA SAD

- VÍTOR ALMEIDA GONÇALVES FOTOS MIGUEL BARREIRA

Em pleno período de subscrição do empréstimo obrigacion­ista, mediante umquadro de aperto financeiro, o Sporting tem condições para investir no futebol? MIGUEL CAL – Estamos a desenvolve­r uma estrutura profission­al e a pensar no longo prazo, quer no futebol, quer no resto da gestão. Vamos fazer melhor e não necessitar­emos de tanto. Porquê? Porque existe um plano muito concreto, em termos de valências e pessoas, e eu acredito que teremos o melhor impacte tanto na parte desportiva como na componente organizati­va, o que vai gerar criação de valor, experiênci­a para os adeptos e receita relacionad­a com todo o negócio dentro do Sporting.

Fazer melhor não investindo tanto…

MC – Não sendo necessário investir tanto. Quando se é mais eficiente, faz-se melhor.

Foi esse o sinal que quiseram dar ao contratar Marcel Keizer? MC – O que eu posso dizer, porque acompanhei, foi que o ‘due dili-

“O SUCESSO DESPORTIVO É UM CATALISADO­R. GANHAR VAI AJUDAR, MAS EU NÃO POSSO CONTAR COM ISSO PARA GERIR”

gence’ feito por parte do Frederico Varandas foi fantástico. Acredito plenamente na escolha feita.

Voltando à primeira questão, o Sporting tem margem para contratar jogadores em janeiro?

MC – Essa questão tem de ser colocada um pouco mais à frente. Nós agora estamos num processo de empréstimo obrigacion­ista, que é muito relevante. Temos de ver como corre, até ao fim. Depois teremos uma conversa com os bancos. Existem muitas partes móveis a acontecer ao mesmo tempo.

O sucesso do empréstimo obrigacion­ista é assim tão decisivo para esta época?

MC –O empréstimo obrigacion­ista é a primeira alavanca que estamos a utilizar para sairmos um pouco daquela pressão financeira em que toda a gente sabe que o Sporting está. Dentro desta componente estratégic­a, obviamente é muito relevante para o que vai acontecer para a frente.

Pode determinar se o Sporting vai ter condições para investir mais no futebol?

MC – Tudo o que for folga financei- ra vai ajudar-nos. O montante para investir em jogadores em janeiro depende de muita coisa. O que nós estamos aqui a falar é que é preciso criar uma dinâmica que nos permita estar mais à vontade e confiantes, para depois investirmo­s não só no futebol mas também na estrutura de gestão.

É possível criar valor se não houver sucesso desportivo? MC – Idealmente, temos de criar um ciclo virtuoso. O sucesso desportivo, como eu costumo dizer, é um catalisado­r. Não podemos ficar parados. Temos de gerir e preparar o futuro, para não estarmos dependente­s quase só de se a bola entra ou não entra. O Arsenal não é campeão desde 2004 e não é por isso que eles não são um dos clubes mais ricos do Mundo. Pensar que se não ganharmos não acontece nada, é uma falácia. Portanto, é possível, desde que haja uma gestão profission­al, a todos os níveis. Ganhar vai ajudar, mas eu não posso contar com isso para gerir.

O Sporting está condenado a ser formador/vendedor?

MC – Não podemos pensar em ter as superestre­las, os Cristianos Ronaldos desta vida, até aos 25 anos; é insustentá­vel. Depois existe uma camada intermédia, de jogadores muito bons que podem ficar mais tempo. E há outros que até podem fazer a carreira toda no Sporting. Mas temos de estar protegidos e gerir as expectativ­as dos miúdos desde os 16 anos. Com uma estratégia clara, não há surpresas. E assim o Sporting poderá potenciar mais a formação. *

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal