O que nos deu a Liga das Nações
FICOU DEMONSTRADA A EMANCIPAÇÃO FACE A RONALDO E A VARIEDADE DE RECURSOS À DISPOSIÇÃO DE FERNANDO SANTOS
O apuramento para a final four da Liga das Nações é mais uma demonstração da consistência do trabalho que vem sendo feito na Seleção e que tem permitido manter Portugal no topo do futebol europeu e mundial.
Aequipa portuguesa não bri
lhou em Milão, fez um jogo sofrido, nas trincheiras, mas jogou o que bastou para se apurar e com um feito: foi a primeira vez que empatou no Giuseppe Meazza. Antes, na Luz, tinha arrancado uma vitória inédita, frente a uma equipa transalpina ainda a procurar reencontrar-se.
O que se retira desta caminha
da? Desportivamente, a emancipação face a Cristiano Ronaldo. Estes feitos foram alcança- dos sem a maior referência da Seleção. Ninguém espalha tanta magia como CR7, mas sem ele abrem-se outras dinâmicas na forma como a equipa defende e circula a bola.
Não significa que Cristiano
Ronaldo não faça falta – um jogador com a sua qualidade tem sempre lugar –, mas a libertação, psicológica, de uma dependência excessiva do extremo é bem-vinda. Até para o próprio, que às vezes parece acusar o peso da responsabilidade de carregar a equipa.
Demonstrada ficou também a
qualidade e variedade de recursos à disposição de Fernando Santos. Há uns anos, bastava faltarem três ou quatro jogadores do onze principal para se dizer que a Seleção estava irremediavelmente desfalcada. Hoje, há mais três ou quatro de nível semelhante para os substituir. Esta diversidade é subsidiária do investimento que os clubes fizeram na formação e da afirmação de Portugal como local privilegiado de recrutamento de atletas para os principais emblemas europeus.
Apostas certeiras, feitas tam
bém pela Federação, que em boa hora investiu na melhoria das condições de treino das seleções. Certeiras e rentáveis. O desempenho na Liga das Nações já rende 4,5 milhões de euros à Federação só em prémios e o encaixe pode chegar aos 7,5 milhões, em caso de vitória. Dinheiro que pode ser investido em novas melhorias, também para as outras seleções, incluindo as femininas, onde o país leva um grande atraso.
Ficar em primeiro lugar no
grupo da Liga das Nações teve ainda outro bónus: Portugal será o anfitrião da fase final da prova, que vai decorrer no Porto e em Guimarães, já que os outros candidatos, Itália e Polónia, ficaram pelo caminho. É relevante para a promoção externa do país e será para a economia local.
Além de assegurar a perma
nência na ‘ primeira liga’, Portugal aumenta a probabilidade de vir a estar no Euro’2020 ao garantir um lugar no playoff, caso não seja vencedor ou segundo classificado do seu grupo. Se o conseguir, serão 20 anos consecutivos de presença nas grandes competições.
Uma palavra final para a pro
va em si. A sua pertinência passou no teste, com as seleções a apresentarem equipas competitivas, os estádios cheios e audiências a corresponder, pelo menos no escalão principal. Se dúvidas havia sobre as vantagens em relação aos amigáveis que se jogavam no hiato entre o Mundial e a qualificação para o Euro, a qualidade do futebol que se tem visto desfazem-nas.
PORTUGAL AUMENTA AGORA A PROBABILIDADE DE VIR A MARCAR PRESENÇA NO EURO’ 2020