“O MEU CORAÇÃO AGUENTA TUDO E MUITO MAIS”
Quase rezou para que os seus dois clubes de coração, Lusitano Vildemoinhos e Sporting, se encontrassem na Taça de Portugal. O campeão olímpico da maratona vai assistir ao jogo, sábado, e só espera que seja um belo espetáculo
Aos 71 anos, espera que o seu coração aguente a pressão de um jogo destes para a Taça entre Lusitano Vildemoinhos e Sporting? CARLOS LOPES – Que remédio. O meu coração aguenta tudo e muito mais. Tenho de ter a noção das realidades e a única coisa que desejo é que seja um bom espetáculo de futebol. Tem o coração dividido?
CL – Estou naquela ingrata posição de ter nascido no Lusitano Vildemoinhos, ter representado o clube e ter feito a minha primeira internacionalização com a camisola do clube. Depois, aos 18 anos, vim para o Sporting e por aqui fiquei. Não pode haver empate… Desejava este sorteio?
CL – Sim. Trata-se de um jogo histórico na terra onde nasci. É um encontro marcante, que vai ser falado daqui a muitos anos. Mais do que o resultado, o que importa é viver o dia em ambiente de festa. E eu sou muito sensível a estas coisas. Mas quem é favorito?
CL – Digamos que o Sporting tem tudo a seu favor. Diria mesmo que é 80 por cento favorito, para não dizer mais. Mas todos sabemos como estes jogos da Taça têm um ingrediente diferente, há um grande apelo à raça e os pequenos costumam crescer quando defrontam os grandes.
Acha que ao intervalo já se sabe quem vai seguir em frente na Taça? CL – Se alguma equipa estiver em vantagem pela diferença mínima, diriaque estátudo emaberto. E se for o Sporting, então isso poderásignificar que o resultado possaser ampliado pela vantagem teórica que tem. Mas essas são apenas contas. Se houver um penálti, fecha os olhos?
CL – Claro que não. Quero ver o jogo todo com muita atenção.
Na sua juventude chegou a jogar futebol no Lusitano Vildemoinhos? CL – Não. Mas jogava muito à bola na rua e em recintos de cimento. A nossa preocupação nessa altura, quando éramos miúdos, era o prazer de jogar, mas a bola não podia ir parar aos quintais, pois poderia haver problemas. Costumava ir ver os jogos do Lusitano Vildemoinhos em casa? CL – Praticamente todos. Vibrava muito com o ambiente, era muito jovem e ofereci-me para ser apanha bolas, de forma a entrar de borla. Aos 12/13 anos era assim o meu domingo. E, por vezes, chegava a casa encharcado quando chovia imenso. Mas estava todo feliz.
E o que espera desta nova versão do Sporting?
CL – Que marque golos e ganhe jogos para ter confiança. Depois é preciso dar tempo para a equipa assimilar os métodos de treino do novo treinador. Felizmente que o ambiente à volta da equipa melhorou imenso. Está tudo mais calmo.
O que conhece do técnico Marcel Kaizer?
CL – Vamos esperar pelos primeiros jogos. Não quero nem devo adiantar mais nada. Seria muito injusto para quem agora começou a trabalhar e está com muita vontade de apresentar resultados.
Acredita que o Sporting tem plantel para ser campeão nacional ainda este ano?
CL – Nos últimos cinco anos os adeptos do Sporting foram confrontados com um clima de intranquilidade e todas as expectativas foram sendo goradas. O Sporting já teve melhores equipas, melhores jogadores e não foi campeão. Talvez possa acontecer isso este ano. A vontade dos jogadores é enorme. *
“OFERECI-ME PARA SER APANHABOLAS [NO LUSITANO VILDEMOINHOS]. AOS 12/13 ANOS ERA ASSIM O MEU DOMINGO”