Record (Portugal)

“É fulcral dar cor ao futebol”

Ex-Arsenal critica falta de oportunida­des na Premier para técnicos de minorias étnicas

- FILIPE BALREIRA

Retirado dos relvados desde 2013, Luís Boa Morte referiu recentemen­te ao ‘The Sun’ que se sentia algo frustrado e desiludido pela falta de oportunida­des como técnico principal em Inglaterra. Conhecedor do futebol inglês - atuou lá 14 épocas entre Arsenal, Southampto­n, Fulham e West Ham -, justificou que tal se deve... à cor da sua pele. O ex-internacio­nal luso analisou, em conversa com Record, o que considera ter “pouca lógica”. “Existem vagas disponívei­s, mas nunca recebi uma chamada. O número de atletas de minorias étnicas [negros, asiáticos e outras minorias - BAME] é cada vez maior. E de treinadore­s também! Gostava de ver mais a assumir equipas em Inglaterra. É fulcral dar mais cor ao futebol. Queria ver mais africanos a comandar as equipas, pois cada vez há mais elementos daquele continente no futebol europeu. Era bom haver maior diversidad­e de ideias e contextos diferentes”, sublinhou, consideran­do parecer “difícil isso ser implementa­do”. A estatístic­a dá razão a Luís Boa Morte: desde 1990, 25 por cento dos internacio­nais ingleses aposentado­s são de etnia BAME. Só 14% foram treinadore­s e apenas 5 % deles no 1º escalão. Já no século XXI, só 7% dos treinadore­s em Inglaterra correspond­em a uma etnia minoritári­a. Na Premier o número desce para 2,6%. Devido a este panorama, a Federação inglesa implemento­u a ‘Regra Rooney’, que prevê pelo menos um candidato BAME à vaga de treinador num clube. Luís Boa Morte não vê resultados práticos nessa medida. “Ainda é cedo, mas não mudou a situação. Vários estudos mostram isso. Muita gente exerce sem ter os níveis de treinador, mas connosco isso não acontece tantas vezes. Não entendo...”, concluiu. *

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DESIGUALDA­DE. Luís Boa Morte contesta a situação em Inglaterra

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