“É fulcral dar cor ao futebol”
Ex-Arsenal critica falta de oportunidades na Premier para técnicos de minorias étnicas
Retirado dos relvados desde 2013, Luís Boa Morte referiu recentemente ao ‘The Sun’ que se sentia algo frustrado e desiludido pela falta de oportunidades como técnico principal em Inglaterra. Conhecedor do futebol inglês - atuou lá 14 épocas entre Arsenal, Southampton, Fulham e West Ham -, justificou que tal se deve... à cor da sua pele. O ex-internacional luso analisou, em conversa com Record, o que considera ter “pouca lógica”. “Existem vagas disponíveis, mas nunca recebi uma chamada. O número de atletas de minorias étnicas [negros, asiáticos e outras minorias - BAME] é cada vez maior. E de treinadores também! Gostava de ver mais a assumir equipas em Inglaterra. É fulcral dar mais cor ao futebol. Queria ver mais africanos a comandar as equipas, pois cada vez há mais elementos daquele continente no futebol europeu. Era bom haver maior diversidade de ideias e contextos diferentes”, sublinhou, considerando parecer “difícil isso ser implementado”. A estatística dá razão a Luís Boa Morte: desde 1990, 25 por cento dos internacionais ingleses aposentados são de etnia BAME. Só 14% foram treinadores e apenas 5 % deles no 1º escalão. Já no século XXI, só 7% dos treinadores em Inglaterra correspondem a uma etnia minoritária. Na Premier o número desce para 2,6%. Devido a este panorama, a Federação inglesa implementou a ‘Regra Rooney’, que prevê pelo menos um candidato BAME à vaga de treinador num clube. Luís Boa Morte não vê resultados práticos nessa medida. “Ainda é cedo, mas não mudou a situação. Vários estudos mostram isso. Muita gente exerce sem ter os níveis de treinador, mas connosco isso não acontece tantas vezes. Não entendo...”, concluiu. *