Record (Portugal)

Traições toupeiras e uma mulher

SÃO DÉCADAS DE UMA NATA DO ENTULHO QUE PRECISA DO CLUBE PARA SOBREVIVER E MOSTRAR INFLUÊNCIA. COM ELES O SPORTING NUNCA GANHOU NADA

- Rui Calafate Consultor de comunicaçã­o Texto escrito naantigaor­tografia

FREDERICO VARANDAS MUSCULOU O DISCURSO E DISPAROU CONTRA OS SABOTADORE­S

O Sporting nunca dorme em paz. São os egos, os ódios pessoais, os maus fígados, as vinganças, os grupinhos, tudo isto é o caldo histórico do clube que não lhe permite na maior parte das vezes vislumbrar a racionalid­ade e respirar com frieza. Frederico Varandas musculou o discurso na Batalha. Pela primeira vez falou grosso e disparou contra os sabotadore­s que na sombra tentaram boicotar o empréstimo obrigacion­ista. Não disse nomes, nem ele nem depois os seus lugar-tenentes que se desmultipl­icaram em entrevista­s nos media, numa bateria comunicaci­onal bem planeada e executada que robusteceu e amplificou a necessidad­e de os sportingui­stas ajudarem mais uma vez a sua paixão neste momento difícil.

Se há responsáve­is pelos ban

cos não colaborare­m, não comunicare­m e não aconselhar­em aos seus clientes as Obrigações leoninas, é tempo de os denunciar claramente aos órgãos disciplina­res competente­s, pois não podemos andar em jogos de sombras chinesas nem usar as espadas contra fantasmas sem rosto. Mas o maior sucesso desta operação financeira, o empréstimo obrigacion­ista do Sporting Clube do Portugal, e não do Varandas, do Bruno, do Cintra ou do Zacarias, reside no facto de o clube, no dia 26 de Novembro, pagar os 30 milhões (mais juros) anteriorme­nte recebidos e que deviam ter sido reembolsad­os em Maio, provando a sua vitalidade, repondo a sua credibilid­ade de parceiro sério, apetecível e com futuro. E esse é o maior trunfo de um emblema de prestígio para investidor­es: um grande clube não morre, nunca acaba, ao contrário de qualquer empresa que pode colapsar a qualquer momento. E quanto às “altas traições” que o presidente mencio- nou, julgo que está na altura de todos remarem para o mesmo lado e não espetando facas da vaidade e do opróbrio. São décadas de uma nata do entulho que precisa do clube para sobreviver e mostrar influência. Com eles o Sporting nunca ganhou nada. Que se resguardem em naftalina e deixem trabalhar.

Deixo estas perguntas: quem

está a pagar a peso de ouro um triunvirat­o de advogados de luxo? Quem tem uma juíza em diligência­s nas garagens e ou- tros locais do seu estádio? Quem tem a gravíssima suspeita e acusação de invadir a máquina de um dos poderes do Estado, a Justiça? Quem tem um treinador a dizer que não está imune a tudo o que os rodeia de questões judiciais? Quem tem o seu ex-especialis­ta nos dossiers mais obscuros do futebol acusado de 70 crimes e a dizer que é amigo do presidente de quem foi das suas peças mais importante­s? É o Sporting? É o FC Porto? É o Académico de Viseu? Não. Todos sabem quem é. Porém, o espaço mediático continua ocupado por temas de rivais, obnubiland­o e tentando disfarçar o que é relevante, livrando o Benfica de danos desportivo­s, materiais e reputacion­ais que outros já sentiram na pele.

Deixo para o fim o interessan

te facto de ser uma mulher, Susanna Dinnage, a nova líder da Premier League. Ao contrário do que dizem os ditos ‘homens do futebol’, que acham que o futebol é só para eles, esta senhora vem da indústria televisiva e dos conteúdos, nada teve a ver com bola. E é curioso como a mais inovadora e dinâmica Liga percebe que o futuro do negócio não depende só de quem conhece ‘o cheiro do balneário’, precisa de qualidade no campo a cargo dos artistas, mas necessita de outras valências para crescer sustentada­mente. Os ‘homens do futebol’ desta vez (e voltarei ao assunto) meteram a violinha no saco.

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