A naturalidade das coisas naturais do campo ao coreto
SE OS DEBATES INSTRUTÓRIOS E OS INTERROGATÓRIOS DOMINISTÉRIO PÚBLICO FOSSEM REALIZADOS NÃOÀ PORTAFECHADAMAS AOARLIVRE, NOCORETO DOJARDIM DAESTRELA, AOS DOMINGOS ÀTARDE, NÃOCHEGARIAM, CERTAMENTE, A TÃO VASTA CAMA DADA POPULAÇÃO
Rúben Dias foi considerado o melhor jogador em campo no desafio Itália-Portugal de que resultou a qualificação da nossa equipa para a fase final da Liga das Nações. O jogo foi lá em Milão e a imprensa italiana dedicou uma série de elogios ao jovem defesa-central do Benfica apontando-o liminarmente à Juventus, pois claro. Perante toda esta naturalidade, que advém das coisas naturais entre os emblemas multimilionários, até espanta como Rúben Dias regressou a Lisboa depois da sua exibição em San Siro, não tendo rumado logo a Turim para encetar a sua nova vida de profissional ao lado de companheiros do mais alto gabarito.
Ainda bem que assim não aconteceu porque Rúben
Dias deu imenso jeito ao Benfica passados alguns dias no jogo com o Arouca a contar para a Taça de Portugal. Talvez não tenha sido tão espetacular o seu contributo contra os arouquenses como foi o do guardaredes Svilar – um ‘teenager’ que, com uma destemida saída a punhos numa ocasião e com uma defesa do outro mundo noutra ocasião, manteve o Benfica na prova – mas não deixou de ser menos decisivo aquele artístico e eficientíssimo corte de uma bola que voava perigosíssima para a área dos donos da casa nos minutos finais da par- tida e que poderia ter redundado em tragédia, não fosse a intervenção categórica de Rúben Dias. Devem permanecer tranquilos os benfiquistas porque Rúben Dias, por muito cobiçado que seja, vai permanecer longos anos no Benfica. Assim o garante o estudo do Observatório de Futebol da Universidade Europeia sobre a viabi- lidade financeira das SAD dos três maiores clubes portugueses, ao demonstrar que a SAD do Benfica, ao contrário do que acontece com as SAD dos seus adversários diretos, “é a única cuja saúde financeira não está dependente da compra ou venda de futebolistas”. A propósito de vendas, é caso para se dizer que se Jonas não foi vendido no último defeso de verão é porque não será jamais vendido pelo Benfica e ainda bem.
Depois de um longo período de afastamento por razões clínicas,
Jonas completou contra o Arouca o seu 4.º jogo na condição de titular e assinou o 4.º golo nesta série do seu regresso. Pode-se-lhe pedir mais? Pode. Quando o jogo com o intratável Arouca se encaminhava para o fim e tudo era suspense na Luz, foi Jonas quem se viu na pequena área do Benfica a ajudar Svilar. O veterano internacional brasileiro saltou energicamente com um avançado forasteiro para o impedir de se fazer à bola e ao golo e depois foi a correr para ocupar a sua posição natural que é bem mais adiantada do que aquele lance poderia sugerir. Que bem lhe fica a braçadeira de capitão.
Se os debates instrutórios e os interrogatórios do Ministério Público fossem realizados não à porta fechada mas ao ar livre, no coreto do Jardim da Estrela, aos domingos à tarde, não chegariam, certamente, a uma tão vasta camada da população.
QUE BEM FICA A JONAS A BRAÇADEIRA DE CAPITÃO