Em nome dos belenenses
Não há vergonha: esta pretensão da SAD que diz representar o Belenenses, segundo a qual pretende que o Clube lisboeta seja impedido de comunicar que foi campeão nacional de futebol em 194546, sob pena de ter de pagar à SAD mil euros diários, ultrapassa tudo aquilo que já se viu neste terrível diferendo. É evidente que o problema está a montante: nunca o Clube de Futebol ‘Os Belenenses’, isto é, os seus sócios e dirigentes deveriam ter permitido que o fundo de investimento Codecity Sports Management, empresa liderada por Rui Pedro Soares, obtivesse, em duas operações diferenciadas, datadas de 2012 e 2013, a maioria do capital social da SAD, em condições que nem num sketch de humor deveriam caber, porque o humor (negro) também tem as suas fronteiras de razoabilidade. O ‘rato-PT’ Rui Pedro Soares viu uma oportunidade de ouro debaixo do nariz e, com o intuito de desenvolver negócios que começaram por ser de intermediação, conseguiu uma posição maioritária na sociedade por um preço inferior – bem inferior – ao do ‘preço da chuva’. Dir-se-á que Rui Pedro Soares representa aquilo em que o futebol se transformou: um negócio puro e duro, sem olhar à história, aos protagonistas dessa história (Manuel Capela, António Feliciano, Serafim Neves, Mariano Amaro, Artur Quaresma, etc.; e, mais tarde, Matateu e Vicente Lucas, entre muitas outras figuras que deram tudo ao Belenenses, quando havia verdadeiramente esse amor à camisola), com Patrick Morais de Carvalho a tentar, não direi um ‘regresso às origens’ – porque o tempo não volta para trás –, mas a recuperação do espírito dos verdadeiros belenenses. Entre direitos e deveres e barras de tribunal que… viva o Belenenses! O puro. O original. O do coração azul.