Record (Portugal)

Problema do Benfica não é de advogados

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RUI VITÓRIA, COMO SE VIU APÓS O JOGO COM O AROUCA, JÁ NÃO SABE O QUE DIZER. O PIOR É QUE JÁ NÃO SABE, TAMBÉM, O QUE FAZER…

Deprimente­s as declaraçõe­s de Rui Vitória no final da não menos deprimente exibição do Benfica frente ao Arouca.

“Eraimporta­nte nestaaltur­a vencer.” Quando se torna menos importante para o Benfica não vencer?

“Emalguns momentos poderíamos ter tido mais qualidade.” Em alguns momentos?!…

“Depois das paragens, com tantas mudanças, correremos estes riscos.” Quem mandou fazer tantas mudanças e correr ‘estes riscos’? Riscos correm-se quando se fazem muitas alterações perante adversário­s da mesma igualha ou mais fortes. Riscos, no Estádio da Luz, perante o Arouca (com todo o respeito pelo Arouca)? O melhor plantel da I Liga, com um nível tão alto de investimen­to, não deveria evitar correr riscos perante uma equipa do escalão secundário, que está 1 ponto acima da ‘linha de água’?

“Sabíamos que não eracomum estalar de dedos que passaríamo­s paragrande­s exibições. Tem de ser gradual.” E a pergunta é: porquê, nesta altura da época? Os jogadores não recebem ao fim do mês? Os jogadores não usufruem das melhores condições de trabalho que existem em Portugal? Rúben Dias, Grimaldo, Gabriel, Zivko- vic, Jonas e Seferovic, depois Rafa, Pizzi e João Félix, acompanhad­os por jogadores menos rodados mas ainda assim do plantel do Benfica, não chegam para compensar as ausências – por motivos diferentes – de André Almeida, Jardel, Fejsa, Gedson, Salvio e Cervi?

É razoávelqu­e o Benficaand­e nestamonta­nha-russa de rendimento, entre o razoável e o medíocre, sendo muito excepciona­is as exibições convincent­es e acima da média?

É normalque o Benficae os seus principais responsáve­is tenham o foco de atenção muito dividido, uma vez que, nos últimos dias, exceptuand­o Luís Filipe Vieira, que no entanto não pode deixar de fazer girar a cabeça não sei quantas vezes sobre o seu corpo, tantas são as situações a ocorrer à sua volta, alguns dos administra­dores de referência – Domingos Soares de Oliveira e Nuno Gaioso –, para além de Paulo Gonçalves, motor de funcioname­nto da máquina encarnada, tiveram de se concentrar na instrução do E-Toupeira. Para fazer as ‘despesas’ da resposta de uma superequip­a de advogados, em palpos de aranha e em trabalhos r€dobrados para fazerem crer junto da juíza Ana Peres de que o Benfica não tem nada que ver com aqueles bichos – as toupeiras, já se vê –, era preciso que Rui Vitória e os jogadores, num tapete bem trata- do e sem buracos, fizessem o seu trabalho, animando os adeptos com golos e vitórias, e tirando-os de um estado de desconfian­ça que magoa a instituiçã­o.

Não: o Benfica não pode contratar mais advogados para resolver a crise de rendimento desportivo. A solução não está na excelência dos advogados. A solução está na excelência dos treinadore­s e dos jogadores. O Benfica caiu num impasse. Nos tribunais e sobre o relvado. Um impasse que aleija. Os advogados Rui Patrício (com nome de… craque!), Paulo Saragoça da Marta e João Medeiros, reforços do plantel ‘capitanead­o’ por João Correia, são todos bons. Mas eles não fazem a bola rolar. Nem a fazem chegar dentro da baliza dos adversário­s.

Averdade, porém, é que a equipa, dentro do campo, parece afectada com tudo o que rodeia o Benfica fora das quatro linhas. A equipa está doente, anémica, demasiado entregue aos ‘momentos’ de Jonas e das correrias do ‘injector’ Rafa, e Rui Vitória, pressionad­o até à medula, parece totalmente perdido num labirinto de palavras ocas e de um sistema táctico que não funciona, seja com 1 ou 2 avançados, porque as dinâmicas desaparece­ram e não se vê sinal de que a alma do Benfica, ‘à Benfica’, possa ressuscita­r. O Benfica está perdido. Sem farol, sem luz, demasiado perturbado com os vários processos que se abateram sobre a sua imponência e convicção de controlo absoluto, e a equipa reflecte um corpo inanimado, com muita dificuldad­e em reagir – mesmo que o calendário proporcion­e uns Tondelas, uns Aroucas, uns Feirenses ou uns Paços de Ferreira para servirem de aspirina a uma doença que precisa de… urgente intervençã­o cirúrgica.

O Benficapre­cisade se reencontra­r.

NOTA– Meio mundo parece indignado com o tom utilizado pela magistrada Cândida Vilar no interrogat­ório que fez a Fernando ‘Mendes’, no âmbito do processo da invasão à Academia de Alcochete e a própria PGR abriu um inquérito disciplina­r à procurador­a titular desse processo. Fazer de conta, através da falsas benevolênc­ias, já provocou demasiados danos ao País e ao Desporto. Grave e a precisar de explicação rápida foi a divulgação do áudio ao interrogat­ório, fundamenta­lmente depois da observação feita, nesse domínio, pelo acusado Paulo Gonçalves, no começo da sessão. Essa explicação pode ajudar a perceber muita coisa.

NOTA1 –Se Cristiano Ronaldo está apto para a Juventus, tem de estar apto para a Selecção. O resto são cortinas de fumo.

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