SAD DO BENFICA ISOLA GONÇALVES
Administradores dizem nunca sequer ter ouvido falar em nenhum dos atos atribuídos ao ex-assessor
Os representantes da Benfica, SAD na instrução do processo E-Toupeira demarcam-se por completo de qualquer possível ato ilegal que o ex-assessor jurídico Paulo Gonçalves possa ter cometido. Domingos Soares de Oliveira e Nuno Gaioso, administradores da sociedade anónima das águias, foram ouvidos no último dia 19 pela juíza Ana Peres e, nos depoimentos a que Record teve acesso, deixam bem claro que os responsáveis do clube nada sabiam sobre qualquer dos 79 crimes de que o advogado é acusado – a própria SAD é acusada de 30, sendo um destes corrupção ativa.
Soares de Oliveira revelou “com toda a certeza” nunca ter ouvido falar de qualquer questão relativa a acessos ilegítimos ou outro tema abordado no processo, e insistiu que nenhuma destas questões foi abordada em sede de reunião de conselho de administração de que tenha feito parte. Mais. Vincou que dificilmente algum dos outros administradores teria conhecimento e explicou o porquê: “Qualquer elemento do conselho de administração sabe que eu é que conduzo os processos junto dos vários escritórios de advogados. E qualquer elemento que tivesse conhecimento, por parte de Paulo Gonçalves, relati- vamente a qualquer matéria que aqui foi abordada, ter-me-ia certamente dado conhecimento. Como isso não aconteceu, acho altamente improvável que alguém tivesse conhecimento de algum facto.” O responsável deixou claro que o advogado “tinha autonomia [...] em concreto relativamente a camisolas de jogo”. “Não há qualquer registo de quem pede camisolas, porque isso é quase uma relação direta com os atletas e não há qualquer registo sobre quem recebesse as camisolas. Do ponto de vista prático, as camisolas são dos atletas”, adicionou, acrescentando que “a regra é controlar a quantidade e não o destinatário”: “Se eu pedir 200 bilhetes, claro que perguntarão, mas se pedir seis não vão querer saber para quem são.” Os “pedidos exagerados” tinham em Soares de Oliveira a “última palavra”. No que diz respeito às presenças de José Silva e Júlio Loureiro em zonas reservadas ao futebol profissional, o CEO da SAD referiu que “era permitido a Paulo Gonçalves receber amigos” nessa zona, ainda que não fosse “normal” que estes ali estacionassem os seus carros. Já Nuno Gaioso abordou a “relação próxima” de Gonçalves com Vieira e negou taxativamente alguma vez ter ouvido algo sobre os comportamentos atribuídos ao ex-responsável da SAD. *