Record (Portugal)

E Vieira acredita?

O PRESIDENTE DEVE EXIGIR AO TÉCNICO UM MARAVILHOS­O COELHO A SALTAR DA CARTOLA. O FUTEBOL NÃO É UMA MISSA DE SÉTIMO DIA, NEM AQUELE EXERCÍCIO DE RÉGUA, ESQUADRO... E TÉDIO

- Octávio Ribeiro Diretor-geral da Cofina

Ou Rui Vitória saca um desconheci­do e improvável coelho da cartola, ou já não há lugar para ele no Benfica. O grande momento para esse tal coelho desatar a correr pela relva até já passou. Teria sido enorme em Munique. Mas o que vimos, o que sofremos incrédulos, foi uma equipa sem golpe de asa. A fazer o que sempre faz, sem imaginação, sem crença, sem garra.

Para vencer um adversário mais forte na sua casa repleta de adeptos é necessária

uma surpresa. Lá está, um coelho a saltar da cartola. Um: vamos lá malta, enganar os gajos com esta ideia. E os jogadores, que precisam de se superar e acreditar que é possível, afastarão as nuvens negras e tudo farão para justificar a quebra de rotinas. É preciso atacar o gigante eliminando a rotina. Só assim se pode surpreende­r. Para surpreende­r um adversário muito mais poderoso, é primeiro necessário surpreende­r os próprios jogadores. Treinar três ou quatro jogadas-chave. Coisas novas. Depois, sobre o tapete verde, até se pode perder, mas perde-se com brilho. Perde-se a tentar vencer.

O Benfica carimbou a sua dura goleada em Munique como

qualquer funcionári­o já farto de funcionar (com a devida vénia ao grande Manuel Alegre). Rui Vitória dispôs a equipa em campo com a displicênc­ia da rotina. Jonas solitário na frente? Nem quando tinha trinta anos. O Benfica começou a perder, assim que Rui Vitória escalou os titulares. Logo que os jogadores terão percebido o onze, devem ter começado a fazer contas à vida. Foram lá para dentro com empenho, galhardia, mas fartos das ideias que só lhes permitiria­m perder por poucos.

Até um Rafa, sozinho na frente,

a partir os rins aos gigantes, teria sido mais motivador do que aquele exercício de régua e esquadro, e tédio, de que Rui Vitória não consegue fugir.

Em futebol, é preciso criar nos jogadores a perceção de

que se acredita na vitória. Mas como é isso possível se o líder não acredita em si?

O treinador do Benfica está sem ideias.

Parece já contar o tempo que falta para o final da época. Os jogadores estão sem confiança. Parecem já contar o tempo para chegar um novo treinador. E, no meio de todo este marasmo, o que faz o presidente?

Luís Filipe Vieira continua indiferent­e ao ambiente da bancada.

Ambiente amplamente justificad­o pelo péssimo futebol que a equipa apresenta. Vieira precisa perceber que o futebol é alegria, não uma missa de sétimo dia. O presidente deve exigir com premência um maravilhos­o coelho a saltar da cartola do técnico.

Mas alguém acredita menos

neste modelo do que o próprio Vieira?

VIEIRA PRECISA PERCEBER QUE O FUTEBOL É ALEGRIA

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