Record (Portugal)

A vida de um treinador é mesmo assim...

GANHAR, PERDER, CONQUISTAR TÍTULOS, FALHAR OBJETIVOS OU MUDAR DE CLUBE COM ALGUMA REGULARIDA­DE. TUDO ISTO FAZ PARTE DO DIA-A-DIA DOS TÉCNICOS DE FUTEBOL. E TODOS SABEM QUE ISTO NUNCA MUDA

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1) Rui Vitória, a fazer fé nos programas de comentário televisivo e nas páginas dos jornais, é um homem com o destino traçado. Neste melodrama do Benfica tudo é muito pessoal. Vitória é o homem a abater por todos, ou quase todos, há uma máquina em movimento que parece levá-lo ao caminho da saída e, já agora, a nomear um substituto. O substituto. Eu não tenho procuração para defender Rui Vitória e até partilho de algumas das posições críticas que vi expressas, mas incomoda-me o tom geral, o registo de seguidismo e, pior, ainda não vi uma análise assente nas qualidades técnicas, ou neste caso na falta delas, do treinador do Benfica. Ninguém explica afinal onde reside a sua incompetên­cia ou incapacida­de para gerir uma nau tão grande. Tudo é fulanizado e tratado pela rama. A vida está assim.

2) José Mourinho está a ter uma época difícil no Manchester United. A equipa rende pouco, marca menos e, podendo discutir-se a responsabi­lidade do treinador no padrão de jogo exibido, há muitas vezes uma atitude competitiv­a – ou falta dela – que é difícil de entender. Seria sempre, e sabendose que o plantel do Manchester United é o mais bem pago de Inglaterra, ainda mais. Mesmo assim, Mourinho já está nos oitavos-de-final da Champions e até os críticos reconhecem que ele mantém a paixão pelo jogo.

3) Luiz Felipe Scolari, o velho animador de balneários, que tantos ilustres acham destituído de qualquer qualificaç­ão, voltou a ganhar e, desta vez, a ganhar em casa, onde a sua reputação caíra a pique depois do desastre do Mundial de 2014. Scolari ganhou com a sua receita. Futebol eficaz, mas não especialme­nte apelativo, bom espírito de grupo, foco no essencial. Aos 70 anos o apelo do regresso foi mais forte e, independen­temente dos relatos, não é garantido que saia de cena.

4) Santiago Solari, que foi um jogador banal e que era até agora apenas um treinador sofrível, ambiciona chegar ao Olimpo com o Real Madrid. Quem não ambiciona? Sendo com o clube que é, tudo pode acontecer, mas uma equipa desgastada torna a tarefa muito, muito difícil. Solari, que é um homem do pensamen- to sobre futebol, pode conseguir concretiza­r outra tarefa igualmente relevante, a de renovar o plantel e preparar um novo Real Madrid. É um desafio, debaixo de alta pressão.

5) Maurizio Sarri é um dos treinadore­s mais admirados pela ‘intelligen­tsia’ do futebol. O italiano tem indiscutív­eis qualidades, como se vira no Nápoles dos últimos anos e se tem visto no Chelsea desta temporada. Sarri fala muitas vezes no “meu futebol”. Nunca ganhou títulos, e isso dá que pensar, mas mais inquietant­e talvez seja a incapacida­de para se ajustar em função dos adversário­s. Foi assim que no fim de semana viu o Tottenham desmontar em toda a linha a estratégia previsível do Chelsea.

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CINCO SITUAÇÕES DISTINTAS. Por esta ou aquela razão estes treinadore­s têm estado no centro das atenções. E vão continuar nos próximos dias
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