Record (Portugal)

ASSIM É QUE É!

DRAGÃO MOSTRA COMO SE FAZ E GARANTE 1º LUGAR DO GRUPO

- ANDRÉ MONTEIRO

A narrativa não é bem a do patinho feio que se transforma em cisne, mas tem algumas semelhança­s com o conhecido conto infantil. Após as dúvidas que a estreia em Gelsenkirc­hen levantou, o golfinho FC Porto robusteceu a pele, afiou os dentes e, ao jeito dos gigantes que costumam ditar leis nas sempre revoltas águas da Liga dos Campeões, tornou-se o tubarão que irá terminar o Grupo D no 1º lugar. Ao cabo de quatro vitórias consecutiv­as, a última delas ontem, sobre o Schalke 04, por 3-1, esta não é a história de um bichopapão que pode anunciar a sua candidatur­a à vitória na prova, mas embala claramente os dragões para o ataque aos ‘oitavos’. O apuramento, tanto de portu- gueses como alemães, até estava garantido já antes do apito inicial, fruto do triunfo do Lokomotiv Moscovo sobre o Galatasara­y, porém, havia algo - potencialm­ente importante - a conquistar e o FC Porto conquistou-o. A anunciada passagem à próxima fase não mexeu com a cabeça da equipa de Sérgio Conceição, que rubricou uma exibição sólida, aqui e ali até com alguns períodos brilhantes. Nem o técnico azul e branco nem Domenico Tedesco alinharam em surpresas de espécie alguma e o único pormenor que estava aparenteme­nte fora do guião portista foi mesmo a forma como o Schalke 04 se impôs nos minutos iniciais. Da primeira parte, ficou a sensação de que o prometido não se cumpriu na sua plenitude, na medida em que o embate estratégic­o foi interessan­te, mas deixou algo a desejar do ponto de vista da espetacula­ridade. A pressionar de forma eficaz a saída de bola do FC Porto logo desde a sua área, o Schalke 04 conseguiu o controlo total dos primeiros 10/12 minutos. Os alemães condiciona­vam o jogo portista e, assim que tinham a bola, procuravam construir de uma forma bastante vertical, incluindo alguns passes longos à procura da profundida­de. O domínio não criou perigo real junto das redes de Casillas, mas, quando o ‘vento mudou’, já não foi assim. No espaço de quatro minutos, Danilo Pereira e Marega obrigaram Fahrmann a duas brilhantes defesas, tal como o tiro à meiavolta do maliano. Com a partida a estabiliza­r a partir dos 20 minutos, o FC Porto passou a ser o conjunto mais dominador, não obstante os obstáculos que a manobra defensiva do adversário, com quatro homens a encostarem no quarteto defensivo dos dragões e três a protegerem o corredor central, continuava a levantar. Com isto, os dragões tinham dificuldad­es em

finalizar dentro da área alemã, mas isso haveria de mudar...

Chegaram-se à frente

O FC Porto reentrou na partida com um posicionam­ento mais adiantado e mostrando-se especialme­nte incisivo no envolvimen­to à área alemã. Num ápice, Herrera criou perigo e, pouco depois, Éder Militão abriu o marcador em mais uma bola parada de- cisiva. Este foi o clique para um período verdadeira­mente empolgante dos azuis e brancos, que contou pelo meio com uma defesa de Casillas, a remate de Konoplyank­a, mas teve sobretudo o 20 de Corona; um pontapé de bicicleta de Felipe à trave da baliza Fahrmann; e mais um tiro perigoso do extremo mexicano, após um surpreende­nte passe picado de Óliver na cobrança de um livre. O penálti que Bentaleb converteu aos 89 minutos chegou a renovar a indecisão sobre o resultado final, mas o golfinho feito tubarão que tem sido o FC Porto nesta fase de grupos não se deixou atemorizar e a perspicáci­a de Otávio ofereceu a Marega o seu 4º jogo consecutiv­o a marcar na Champions. Estava aí garantido o 1º lugar do Grupo D e, com ele, a possibilid­ade de apanhar um dos poucos golfinhos que vão resistindo... *

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