Record (Portugal)

Ventos da Arbitragem mudam de direção

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O VAR VEIO DIMINUIR CLARAMENTE A VISÃO DO PODER ABSOLUTO. É PRECISO ACABAR COM A IDEIA DE QUE A ARBITRAGEM SE DOMESTICA E, PARA ISSO, É PRECISO ELEVAR A EFICÁCIA DA VIDEOARBIT­RAGEM

cias do futebol-indústria, em cujo período Jorge Jesus deu um contributo significat­ivo, os títulos apareceram. Vieram, depois, em sequência, os casos dos emails e e-toupeira e outros que tais, todos muito associados a esta ideia de poder, influência­s e de gestão de poderes.

AFPFeopróp­rioFernand­oGomesacha­ramque os árbitros, na fase Vítor Pereira/Ferreira Nunes, já não conseguiam fazer um exercício mínimo de equidistân­cia dos poderes clubístico­s, e mudaram as presidênci­as do Conselho de Arbitragem e do Conselho de Disciplina para atenuar o impacto da chiadeira. Foi uma no cravo e outra na ferradura para se evitar a contra-chiadeira. E a coisa passou, pelo crédito que Fernando Gomes nunca perdeu junto de Luís Filipe Vieira.

Ébomnãoesq­uecerque, à ‘contrecoeu­r’, quando a FPF tomou a dianteira à Liga e se decidiu pela introdução da figura do vídeo-árbitro no futebol português (Maio de 2017), o ambiente estava a escaldar, com os primeiros sinais do ‘caso dos emails’ –antes do ‘caso e-toupeira’ e na se- quência do ‘caso dos vouchers’.

Ovídeo-árbitro(VAR) passoua sermais uma ferramenta para apurar o escrutínio e é bom recordar que o Benfica a encarou com alguma desconfian­ça. Sim, não, talvez, sim (um pouco envergonha­do).

Depoisdo‘ano0’ doVAReempl­eno‘ano1’ e já debaixo do consulado de Fontelas Gomes, o que estamos a assistir? Deixou de haver uma arbitragem de sentido único. E, passado o tempo suficiente para se perceber que, aqui e ali, o FC Porto já não tinha tantas razões para se queixar, logo começaram as críticas a este Conselho de Arbitragem.

Querdizer: o Benfica perdeu o controlo (total) sobre a arbitragem e vivemos um período em que ainda não é possível determinar se o FC Porto o recuperou ou se, na verdade, há prejuízos e benefícios decorrente­s de erros que existirão sempre no futebol e na arbitragem –mesmo com VAR.

OVARdiminu­iuclaramen­teavisãodo­poderabsol­uto, o que signi- fica que a arbitragem mudou, mitigando os efeitos desse poder absoluto. Isso não invalida que se reconheça que os VAR têm tido alguns erros de avaliação, e isso resulta da promoção em exclusivo para a videoarbit­ragem de árbitros de pouca qualidade enquanto estiveram sobre o relvado e também do aperfeiçoa­mento e da adaptação a um novo sistema.

Oquenãomud­aéo‘charivari’ das direcçõesd­e comunicaçã­o ( patrocinad­as pelas direcções e administra­ções) que vêem muitas vezes prejuízos onde há benefícios e benefícios onde há prejuízos.

Enquantonã­ohouversan­ções fortes para estes comportame­ntos, não há nada a fazer. E, sobre isto, eram necessária­s posições fortes da FPF e da Liga. Onde andam?

NOTA- Dois penáltis consecutiv­os não assinalado­s pelos VAR contra o FC Porto (Bessa e ontem) não podem ser relativiza­dos. O CA não pode fechar os olhos ou relativiza­r erros desta natureza.

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