Milhões de bola parada
Estádio da Luz voltou a presenciar uma exibição morna do Benfica. Foi uma equipa com um futebol por vezes previsível, com variações constantes de corredor, mas sem queimar estações, isto é, fazendo a bola circular sempre pelo elemento mais próximo do portador, e por trás da organização do AEK. E a demonstrar algumas dificuldades para entrar nas zonas de criação e chegar até ao último terço de forma contínua e ligada. Embora com criação suficiente para justificar o resultado.
ÁGUIA ESTEVE AMARRADA EM ATAQUE POSICIONAL E FOI DE UMA TRANSIÇÃO QUE SAIU O LIVRE DO GOLO
Adistância entre quem se posicionou nas costas dos médios adversários (interiores, avançados e por vezes laterais) e quem deu início à construção das jogadas foi sempre demasiado larga para que se pudesse ligar. E sem elementos no espaço à frente dos médios gregos para que pudessem receber e então ligar com maior proximidade com quem ocupou os espaços de criação, o Benfica teve imensas dificuldades para chegar ao último terço de forma bem apoiada e com boas condições para quem recebia a posse [ 1].
O jogo mais previsível esteve também patente na forma como a lateralização foi uma constante porque, mesmo verificando-se posicionamentos interiores, o pouco risco tomado na elaboração do passe para dentro da estrutura adversária levou o portador da bola sempre a procurar um passe para o corredor lateral, onde rapidamente os encarnados foram encurralados [ 2].
As dificuldades em ataque posicional foram uma constante ao longo de todo o jogo e, das poucas vezes em que conseguiu chegar a zonas de finalização, o Benfica viu sempre o seu ponta-de-lança, Seferovic, definir mal os lances, fosse perdendo oportunidades, ou não descobrindo os colegas em melhor condição. Amarrados em ataque posicio- nal, e com pouca eficácia na área adversária, haveria de ser num momento de transição, após uma recuperação de bola de Gedson – sempre ele quem consegue vencer os duelos que permitem voltar a ter bola –em que o próprio jogador encarnado é travado, dando origem ao lance de bola parada com que Grimaldo selou o marcador [ 3].
Uma vitória justa, pela forma como o AEK nunca conseguiu incomodar os encarnados, mas ainda assim de pouco brilho.