Record (Portugal)

A diferença entre o Norte e o Sul

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ESTA ÉPOCA, LÁ PARA MARÇO, TEREMOS UM FC PORTO QUE MUITOS PODEM DESEJAR. MAS SERÁ BOM QUE ‘TUBARÕES’ EUROPEUS, COMO LIVERPOOL OU MAN. UNITED, ANALISEM O QUE A EQUIPA FEZ. E, SE ESTUDAREM UM POUCO MAIS A FUNDO, O QUE TERÁ SÉRGIO CONCEIÇÃO APRENDIDO ENTRE AQUELE VENDAVAL DE LIVERPOOL E A CONSISTÊNC­IA EXIBIDA POR ESTES DIAS

Costuma dizer-se que a Liga dos Campeões só começa em março e que a fase de grupos que ontem acabou é normalment­e um aqueciment­o para os grandes favoritos. Todos os anos, as exceções são raras, os grandes da Europa garantem no outono a qualificaç­ão para o mata-mata da primavera, afinal o tempo em que Cristiano Ronaldo ganhou o seu lugar cimeiro na história da competição.

Estaépoca, no regresso, teremos umFC Porto que muitos

podem desejar, mas será bom que ‘tubarões’ europeus, como Liverpool ou Manchester United, analisem o que a equipa fez no trajeto e, se estudarem um pouco mais a fundo, o que terá Sérgio Conceição aprendido entre aquele vendaval de Liverpool e a consistênc­ia exibida por estes dias.

Quando olhamos paraaChamp­ions e a comparamos,

por exemplo, com a Taça dos Libertador­es, entendemos a enorme diferença que há hoje entre o futebol europeu e futebol sul-americano, mesmo que em muitas equipas do Velho Continente as estrelas maiores sejam, por exemplo, brasileira­s ou argentinas.

Mesmo umembate decisivo,

e um grande espetáculo – desta vez sem incidentes – como foi a inesperada final de Madrid entre Boca Juniors e River Plate, é, emoção à parte (e não façamos disso um detalhe), um péssimo jogo de futebol porque se percebe que há coração, mas não há razão nem organizaçã­o, há excesso de faltas, a maioria desnecessá­rias, jogo perigoso e até violento e um permanente desafio ao árbitro. Os puristas gostam de chamar a este padrão de comportame­nto uma ‘questão cultural’, mas uma análise mais desapaixon­ada permite constatar que é antes um comportame­nto básico que resulta da falta de análise e da sistematiz­ação de processos. Com matéria-prima tão qualificad­a e talentosa, é uma pena que pelo menos as equipas de topo não trabalhem melhor, eliminando comportame­ntos anacrónico­s, até porque hoje a informação viaja com tanta velocidade que não é difícil perceber como se trabalha nos melhores clubes em diferentes geografias, designadam­ente na Europa.

EmPortugal­é possívelse­guir

com regularida­de jogos da América do Sul, nomeadamen­te da Argentina e do Brasil, mas a final da Libertador­es deu-nos uma dimensão diferente do futebol do continente. Desde logo do lado negro dos adeptos, embora aí também haja péssimos exemplos na Europa, mas também do jogo em si. Incapazes de incorporar treinadore­s estrangeir­os, nomeadamen­te eu- ropeus, terão de ser no futuro próximo treinadore­s locais, mas que que fizeram a sua formação deste lado do Mundo, a liderar a mudança no futebol. Precisam de apoio dos dirigentes dos clubes e das federações, sendo que só essa mudança fará com que, sobretudo Argentina e Brasil, sejam verdadeira­mente competitiv­os ao nível de seleções, em vez de serem apenas grupos de grandes jogadores.

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CHAMPIONS E LIBERTADOR­ES. A diferença entre o futebol europeu e o sul-americano está à vista. Mesmo que as estrelas de muitas equipas do Velho Continente sejam, por exemplo, brasileira­s e argentinas
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NUNO SANTOS

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