Ode ao futebol espetáculo
Foi de forma arrojada e desinibida que o Nacional se apresentou em Alvalade. Tudo redundou em trinta minutos de um ciclone ofensivo madeirense. Aequipa orientada por Costinha jogou no campo todo, conciliando uma pressão alta, que condicionou fortemente a primeira fase de construção leonina, com um futebol enleante que se começava a delinear a partir do guarda-redes. Ante um Sporting atónito e apático, com um meio-campo omisso (Bruno César e Gudelj foram uma nulidade na reação à perda e na construção), o Nacional desfraldou as amplas debilidades do processo defensivo rival, marcando dois golos e desperdiçando mais oportunidades, quase sempre por precipitação.
Após o golo inaugural, na sequência de um contragolpe fulminante, que permitiu a entrada no último terço em superioridade numérica, fruindo de uma enorme cratera nas entrelinhas leoninas [ 2], fruto da forma sagaz como Palovecic arrastou Gudelj para o corredor lateral, os madeirenses colocar-se-iam a vencer por 2-0 numa ação bem urdida em ataque posicional, criando superioridade no corredor direi- to [ 3], permanentemente massacrado por Camacho, Kalindi e por um dos interiores, antes de chegar a zona de finalização, com Palocevic a atacar o espaço entre os defesas-centrais oponentes. Ao primeiro remate enquadrado, num penálti executado por Bas Dost, o Sporting reduziu e iniciou o itinerário rumo a uma reviravolta épica materializada na etapa complementar.
Keizer mexeu bemnaequipa, preterindo Bruno César por Miguel Luís, o que permitiu libertar Bruno Fernandes para o papel de médio de rutura multifacetado. A resposta foi dada com o aden- sar da pressão e da reação à perda, o que inibiu o Nacional de estabelecer conexões com fluidez, e com uma mobilidade abrasiva que permitiu que os leões se instalassem com bola no meio-campo adversário, realçando-se o papel superlativo de Mathieu, sempre disponível para assumir ações de construção e de condução que abriram brechas dentro e fora do bloco. A igualdade surgiria, contudo, no aproveitamento de um contra-ataque, já que Jefferson, após uma perda de bola de Camacho, buscou o recém-entrado Jovane, tremendo a acelerar e a verticalizar o jogo, na sequência de um movimento em diagonal para o espaço interior, em direção a Dost [ 1], que acabaria por assistir acidentalmente Bruno Fernandes. Após Mathieu ter colocado o Sporting em vantagem na execução de um livre direto, Costinha assumiu todos os riscos em busca do empate, apostando num 4x4x2 desdobrável em 4x2x4. O Nacional namorou a igualdade, mas os leões deram a estocada final aproveitando o balanceamento ofensivo do rival. Destaque para o contragolpe que definiu o 5-2, apontado por Bruno Fernandes, na sequência de uma ode ao futebol combinativo executado a altíssima velocidade.