Escândalo sem precedentes
Por entre as gotas da chuva de recordes do FC Porto, que só dá razão a todo o esforço de Sérgio Conceição para que o plantel campeão não fosse desmantelado, passou com escasso relevo um dado que espanta. Os dragões, fruto do seu desempenho na fase de grupos da Liga dos Campeões, lideram o ranking da UEFA de 2018/19, com 20 pontos. Vejam bem a magnitude deste escândalo sem precedentes: um clube “intervencionado” por causa do incumprimento do fair play financeiro, tendo segundo alguns “os credores à porta”, afinal consegue situar-se, no equador da temporada, acima de todos os seus parceiros que transpiram fulgor económico, de além e aquém-fronteiras. Ou temos um caso de estudo na gestão de crise da SAD portista ou as ‘vacas gordas’ não estão a ser boas conselheiras para quem nem percebe que, ao criticar quem faz mais com menos, está a admitir que tem feito muito menos com... muito mais.
Voltando ao importante, no período de cinco épocas usado para determinar o escalonamento da UEFA, os azuis e brancos estão no 9.º lugar, com 90 pontos. Seguem-se o Benfica (26.º com 60 pontos), Sporting (31.º com 49 pontos) e Sp. Braga (43.º com 31 pontos). Apesar de a aparência ser mais benévola, o facto é que apenas estamos a ganhar 1,350 pontos à Rússia e, a este ritmo, dado o atraso de 4,284 pontos, mais três anos não chegam para recuperarmos o 6.º lugar. É altura de quem tem responsabilidades nos clubes tirar as palas e dar o exemplo, interiorizando a noção de que a causa coletiva transcende as questiúnculas de quintal. Achincalhar os insucessos internacionais dos rivais internos está na natureza de quem faz do circo a sua vida, mas é tão inteligente como um escorpião envenenar o sapo que o está a transportar para o outro lado do rio.