Quando é chão que está torto
chegada da chuva voltou a levantar um dos grandes problemas do futebol português: o estado dos relvados. No passado sábado, dois televisores lado a lado, aqui na redação, mostravam as diferenças: num deles, jogadores de Aves e Guimarães lutavam num piso impraticável; no outro, Fulham e West Ham, duas equipas que nem são particularmente talentosas, atuavam num tapete imaculado. Não é difícil adivinhar qual dos jogos foi um espetáculo melhor.
Como não consta que em Londres chova menos ou faça menos frio do que em Portugal, é mais uma daquelas situações de desleixo que tanto afeta o futebol português. Bobby Robson, nos anos 90, foi um dos pri-
BONS RELVADOS SÃO ESSENCIAIS PARA BOM FUTEBOL. NO NOSSO PAÍS, SÃO TRATADOS COM DESLEIXO
meiros a dar o alerta: “Portugal tem um problema com os relvados.” Já passaram mais de 20 anos e, apesar das melhorias em alguns estádios, há vários que são indignos da competição desportiva mais importante do nosso país.
Estranhamente, é umproblema de que pouco se fala. Um relvado bom, em que a bola role a direito e os jogadores consigam mostrar os seus atributos técnicos, é o bem mais essencial para que haja bom futebol logo a seguir ao talento dos próprios jogadores. É incompreensível que, em Portugal, não tenha a atenção que merece.
Uma nota final para José Mourinho: às tantas, tornou-se vítima da personagem que foi criando ao longo dos anos. É o melhor treinador da história do futebol português e um dos melhores de todos os tempos a nível global. Far-lhe-á bem descansar e voltar ainda mais especial.