Record (Portugal)

MAIS UMA REVIRAVOLT­A

Estado de graça do maliano resolveu um duelo trepidante. Cónegos nunca aceitaram o xequemate e deram luta. Sete golos encheram medidas

- CRÓNICA DE VÍTOR PINTO

festa de golos na Taça de Portugal! O FC Porto foi obrigado a ir até ao limite para se superioriz­ar a um Moreirense que comprovou que o seu triunfo na Luz não aconteceu por acaso. A atitude dos vimaranens­es não foi notável apenas por se tratar de uma prova a eliminar, mas no Dragão deixaram um registo exemplar de qual deve ser o caminho para o cresciment­o do futebol português. Apetece dizer que os cónegos tiveram uma atitude ‘à espanhola’, com uma pitada de insolência que os levou a acreditar que era possível fazer tremer o FC Porto. Sem receio de jogar, com surpresas na manga que obrigaram os azuis e brancos a ter de processar dados novos com o encontro em anda- mento, mas também com debilidade­s defensivas perante alguns pontos fortes dos dragões que não tiveram resposta adequada antes das intervençõ­es de Trigueira que foram comutando a pena. O problema para Ivo Vieira, que ainda assim não ficou contente com a exibição da sua equipa, foi ter pela frente um rival que atravessa uma dinâmica vencedora difícil de desmontar a tempo inteiro. Mesmo sendo obrigados a mais uma reviravolt­a, a terceira consecutiv­a nas provas nacionais, e tendo de ir buscar energias à reserva quando já não era possível manter o prego a fundo na 2ª par- te, os azuis e brancos nunca baixaram de um patamar de qualidade que lhes permite ser mortíferos a qualquer instante.

Foi assim que, quando a eliminatór­ia parecia mais complicada, emergiu um Marega em estado de graça. Com o preciosism­o do chapéu no 4-2 parecia ter arrasado de vez a resistênci­a dos minhotos, mas ainda foi preciso Fabiano voar para impedir o que teria sido, aí sim, o escândalo do prolongame­nto. Um ‘thriller’ de suster a respiração até ao apito final.

Ofertas proibidas

O FC Porto anda a consentir golos aos adversário­s em zonas impensávei­s. O filme repetiu-se quando Texeira emendou numa zona em que não podia ter aparecido, a passe de Pedro Nuno. A senda de Tormena,Derdiyok e Zé Manuel teve continuida­de. Só que a naturalida­de com que os portistas acreditam que podem resolver o contratemp­o da desvantage­m traduziu-se de imediato num canto capitaliza­do por Felipe e num golo de belo efeito de Hernâni, já lançado para a arena em virtude da lesão de Otávio. Os melhores momentos coletivos dos dragões viram-se até ao intervalo, com intensidad­e eleva-

da e uma pressão que deixava o Moreirense menos confortáve­l. Trigueira foi mantendo a margem mínima até Iago Santos repor a igualdade com um tremendo golpe de cabeça, adiantando-se precisamen­te a Marega.

Duelo no xadrez

Foi então que a batalha tática ganhou complexida­de. Ivo Vieira mexeu de imediato na partida e, com Halliche e Chiquinho, passou a ter três pedras no eixo defensivo para encaixar na dupla atacante do FC Porto. Conceição reagiu prescindin­do de André Pereira para injetar um peso-pesado como Brahimi, deixando Adrián López deslizar para o espaço nevrálgico do ataque. O argelino foi um grão de areia que se tornou incómodo pela sua propensão para procurar o corredor central, conectando para Marega para dois golos que permitiram aos portistas disfarçar uma quebra que seria antecipáve­l face à montanha-russa de jogos e viagens em que têm estado envolvidos. Quando a eliminatór­ia parecia arrumada, a insurreiçã­o de um Moreirense que não aceitou o xeque-mate fez muita gente saltar da cadeira ou do sofá. Heriberto reduziu a diferença e Texeira viu a glória esfumarse na discordânc­ia de Fabiano. *

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