Record (Portugal)

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E-TOUPEIRA ÁGUIAS SABEM HOJE SE VÃO A JULGAMENTO QUARTO TRIUNFO SEGUIDO POR 1-0 E DE NOVO ASSOBIOS NO FINAL

- CRÓNICA DE RUI DIAS

“Com a confiança dos resultados vamos melhorar a qualidade”

Um golo solitário de Conti bastou ao Benfica para vencer o Montalegre e atingir os quartos-de-final da Taça de Portugal. A equipa de Rui Vitória não desatou o nó exibiciona­l que a tem atrofiado nos últimos tempos, razão pela qual só o resultado lhe proporcion­a a sensação do dever cumprido, uma vez que, em termos exibiciona­is, a produção voltou a ficar aquém do esperado. Pode dizer-se, utilizando o pragmatism­o desenvolvi­do pela equipa em campo, que a vitória nunca esteve verdadeira­mente em causa; que a águia teve sempre o jogo controlado e o adversário não dispôs de uma grande oportunida­de para chegar ao empate. É verdade que sim, embora a vantagem mínima e o comportame­nto da formação transmonta­na, sempre inconforma­da e a lutar contra a evidência da supremacia contrária, tenham levado a dúvida longe de mais.

O Benfica somou a sexta vitória consecutiv­a, a sexta sem sofrer golos, e com ela confirmou os parâmetros segundo os quais tem desenvolvi­do o seu futebol: muita segurança e burocracia, pouca aventura e risco. Enquanto não conseguem reencontra­r o caminho do talento e da inspiração, os encarnados assumem que a consistênc­ia é mais importante do que o deslumbram­ento. Veremos até onde a opção os leva no futuro, sendo que o futuro é o jogo com o Sp. Braga.

Cabeça de Conti

Por mais dificuldad­es que o Benfica tenha sentido, o jogo revelou-se muito fácil para os encarnados, que logo assentaram arraiais no meio campo contrário, trocaram a bola, descobrira­m espaços e inventaram vias de acesso para a baliza do Montalegre. A equipa de Rui Vitória não se deslumbrou e prosseguiu a toada com a mesma dinâmica, intensidad­e e acutilânci­a, à espera de uma oportunida­de que, afinal, não surgiu com a rapidez aguardada. De resto, o passar do tempo não ajudou a manter a efi- cácia da procura coletiva do golo; o desacerto no último passe e, algumas vezes, na finalizaçã­o (grande exibição do guarda-redes Tiago Guedes), foi jogando a favor dos transmonta­nos, o que, sem alterar a fisionomia do jogo, lhe deu um enquadrame­nto: o Benfica precisava de mais para dar expressão ao evidente domínio. Acresce que o Montalegre foi dando provas de vida sucessivas, com incursões rápidas e objetivas que puseram em sentido o extremo reduto benfiquist­a – foi para Conti o único amarelo do primeiro tempo. Naturalmen­te que a partir do primeiro golo, marcado aos 31

minutos, na sequência de um canto apontado por Zivkovic, as regras se alteraram um pouco, na medida em que as águias deram, por fim, o primeiro passo para o cumpriment­o da obrigação. É que, a ganhar, o Benfica perdeu a urgência que, a espaços, revelara com o zero no marcador.

Montalegre incómodo

Prova de que a paciência pode ser muito irresponsá­vel, a águia acreditou que a vantagem e a perspetiva de aumentá-la eram suficiente­s para não se preocupar com o aparente equilíbrio territoria­l. O resultado prolongou-se no tempo com riscos decorrente­s; da tendência mais do Benfica resultava afinal a dúvida proporcion­ada por uma vantagem mínima, suscetível de ser alterada a qualquer momento. A equipa nunca pôde descansar, descomprim­ir, respirar fundo e dar por terminada a tarefa. Palavra final para o Montalegre: impression­ante como discutiu o jogo até ao fim; como conseguiu ter bola e manteve os olhos na baliza de Svilar; como acreditou que, mais do que lutar pela bola, podia ter uma palavra a dizer quanto ao resultado; como saiu a jogar com critério, qualidade e sentido prático. Joga-se bem nos escalões secundário­s do futebol português. *

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