Record (Portugal)

Castro parou a locomotiva

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Num jogo que predizia um futebol aberto em direção às duas balizas, o que seria sinónimo de golos e de momentos de descontrol­o tático, Luís Castro conseguiu impor-se a Marcel Keizer. Conduzir a partida para o território que lhe era mais aprazível foi a chave do sucesso vimaranens­e. Estrutural­mente organizado em 4x1x4x1, o Vitória defendeu de forma curta e compacta [ 1], sem se inibir de pressionar a primeira fase de construção do rival e de posicionar a última linha alta [ 1].

FOI SÓ COM RAPHINHA QUE O SPORTING CONSEGUIU ATACAR A PROFUNDIDA­DE E CHEGAR A ZONAS DE FINALIZAÇíO

Com isso, bloqueou de forma pungente o poderoso jogo interior dos leões, impedindo qualquer tipo de penetração no seu bloco, e travou as tentativas de uma construção mais longa, a partir de passes longos ou de cruzamento­s, em direção a Bas Dost. Resultado: o Sporting, que apontara 30 golos nos últimos 7 jogos, não efetuou qualquer remate enquadrado na etapa inicial. Mas Luís Castro não se limitou a pensar o momento defensivo. A reação forte à perda afiançou recuperaçõ­es em zonas médias e altas, que foram o mote para contra-ataques perigosos, e a equipa nunca se inibiu de fazer circular a bola entre corredores em ataque posicional. Com isso, atraiu o rival para o espaço interior para buscar os desequilíb­rios a partir do jogo exterior, ou aliciou o opositor para o espaço exterior para conquistar espaços de penetração no corredor central [ 3].

O golo que definiu o resultado surgiu na sequência de um lance de bola parada: Tozé, arguto no ataque à segunda bola no espaço central [ 2], aproveitou o excessivo afundament­o do adversário – com 10 jogadores dentro da sua área (e um passivo à entrada desta) – para desferir um pontapé violento que com a ajuda de ressaltos traiu Renan. A perda de André André ao intervalo, que conduziu à reestrutur­ação do setor intermediá­rio e ofensivo, conduziu ao período mais delicado dos conquistad­ores na partida, até porque o Sporting, ao recorrer a Raphinha, conseguiu, finalmente, ata- car com veemência a profundida­de e chegar a zonas de finalizaçã­o. Baixar o bloco, mantendo-o curto e compacto, retirou o espaço nas costas da última linha, e não inibiu o Vitória de continuar a criar problemas a Renan, sobretudo na sequência de contra-ataques. Nem o recurso ao 4x4x2, desdobráve­l em 4x2x4, com Raphinha, Diaby, Mané e Dost em simultâneo, valeu ao Sporting grandes oportunida­des de golo. Porque, ao contrário dos outros jogos da era Keizer, faltou critério na construção e na criação.

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