Record (Portugal)

Dragão de um só conceito

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Para um guarda-redes brilhar é preciso ter trabalho e isso diz bem do futebol de Conceição. Equipa que se reinventa no ataque, de sobreposiç­ões interiores e exteriores, múltiplas variações, mas razoavelme­nte frágil no momento de transição defensiva. Arrisca na frente, perde a bola quando menos espera, e uma defesa muito alta nem sempre consegue acompanhar a velocidade das desmarcaçõ­es adversária­s fazendo brilhar o jovem central brasileiro no socorro ao último obstá-

MELHOR GUARDA-REDES E DEFESA DO MÊS. CASILLAS E MILITÃO FORAM ESSENCIAIS PARA NOVO ÊXITO AZUL

culo que continua a ser o superexper­iente Casill s [ 1]. Primeiro golo da partida: mau passe de Corona, lateraliza­ção rápida para Gelson Dala, Militão vai, uma vez mais, à dobra de Felipe, o guarda-redes espanhol encurta a tempo mas nada podia fazer perante a perfeição do movimento de ponta-delança de Vinícius.

Cultura de risco que impression­a tanto quanto aplasticid­ade. Dois estilos de jogo que coexistem na mesmaequip­adependend­o do flanco. Pela direita Maxifecha lá atrás, fortíssimo nas divididas, tal como o central do seu lado,o jogo faz-se mais direto e nabusca da profundida­de porvia davelocida­de de condução de Coronae daexplosão do ponta-de-lança Marega que,emcomparaç­ão com o seu companheir­o de ataque (Tiquinho Soares),é aquele que mais pede abola nafrente,procurando o espaço nas costas de Mateus Reis [ 3]. Segundo golo do Porto: passe de rutura para o maliano, descaído para adireita, desmarcado emprofundi­dade. Àesquerda, AlexTelles mais aber- to e projetado, muito confortáve­l com cobertura das suas costas pela velocidade de Militão, logo encontra umBrahimiq­ue de extremo tira mais famado que proveito, muitas vezes aprocurarj­ogo apartirde trás oferecendo apoios curtos e belos movimentos em posse sempre imprevisív­eis, recorrendo ao drible ziguezague­ante que o celebriza[ 2]. Golo do 1-1: Brahimitem­poriza quase ao círculo do meio-campo, dribla três adversário­s, atraia pressão interior, abre nadireita no momento certo e ataca o espaço nas costas dos centrais. Soares também abre,embora menos,mas pedindo abola no pé,muitas vezes sob marcação di- reta, segurando abola de costas para abaliza, ora rodando sobre o defesa ora escondendo abola em diagonais de arrastamen­to. Esta plasticida­de de caráter ofensivo que faz da preparação do jogo um pesadelo para as equipas técnicas adversária­s, dificulta qualquer marcação individual, mas não altera a genética de combate da equipa do Porto na sua reação à perda de bola e na busca da salvação de cada bola, aparenteme­nte, perdida. É uma grande dinâmica que parece fazer passar o jogo em si mais rapidament­e. É tudo tão efémero quando estamos efetivamen­te a desfrutar.

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